O ROTEIRO MAIS COMPLETO DE SÃO PAULO |
DE 7 A 13 DE MARÇO DE 2008 |
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CINEMASicko - $.O.$. Saúde Michael Moore repete os truques de sempreRicardo Calil Passado o encantamento com o documentarista de esquerda pop e bem-humorado, passada também a decepção com o manipulador barato de fatos e emoções, o que resta de Michael Moore? A julgar por "Sicko - $.O.$. Saúde", sobrou o comediante de uma piada só. Depois de atacar a obsessão por armas em "Tiros em Columbine" e o governo Bush em "Fahrenheit 11 de Setembro", Moore mira agora no sistema de saúde privado dos Estados Unidos. Acompanhar sua filmografia permite visualizar, para além das questões ideológicas, o que há de esquemático e repetitivo em sua obra. Mudam os temas, permanecem os truques.Tudo começa com uma exposição didática e cínica de alguns casos extremos, como o do homem que perde dois dedos e, por causa do preço abusivo, só pode reimplantar um deles. Diante do absurdo, difícil não cerrar fileiras com o documentarista. Depois, Moore mostra como os poderes político e econômico se unem para sacanear o americano ordinário. É preciso ser um reacionário empedernido para não concordar com ele. Aí, vem a comparação desfavorável dos EUA com outros países -desta vez, não apenas o Canadá, mas também a Inglaterra, França e Cuba (em uma seqüência artificial que Fidel aprovaria com louvor). Então, é hora do toque sentimental, com o congraçamento entre bombeiros cubanos e voluntários americanos do resgate do 11 de Setembro. E, por fim, o golpe sujo: em "Columbine", a entrevista com Charlton Heston; aqui, a revelação de que Moore pagou as contas de saúde da mulher de seu maior detrator. É manipulador? Sem dúvida. Eficiente? É provável. Divertido? Em alguns momentos, ainda sim. Mas está se tornando cansativo. Se quiser continuar a ser um nome relevante e polêmico, Moore precisa se reinventar com urgência. Principalmente porque não haverá um Bush na presidência em seu próximo filme. |
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