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DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 16 A 22 DE JUNHO DE 2006

 

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CINEMA

Eu, Você e Todos Nós

Independente descreve relações sem julgamento

Ricardo Calil

Primeiro longa-metragem da artista performática Miranda July, "Eu, Você e Todos Nós" demonstra as virtudes e limitações do cinema independente americano. Por um lado, existe um desejo saudável de buscar novas maneiras de olhar a realidade e de retratar personagens fora do padrão. Por outro, essa aposta no estranhamento parece nascer menos de uma visão original e mais de uma estratégia de afirmação da diferença.

Os protagonistas são a artista Christine (interpretada pela própria July), que divide seu tempo entre as tentativas de entrar no circuito das artes e o trabalho como motorista de idosos, e o vendedor de calçados Richard (John Hawkes), que acaba de se separar e tem dificuldades para lidar com os filhos de 7 e 14 anos. Quando os dois se cruzam, Christine logo se interessa por Richard, mas ele não se mostra preparado para uma nova relação.

Não se pode negar que July ofereça uma abordagem sensível para um tema importante da atualidade: a necessida de de conexão entre as pessoas, em um mundo e um tempo que tendem a afastá-las. Mas, como disse um crítico americano, os diálogos são tão forçados e os personagens tão calculadamente estranhos que, em alguns momentos, "Eu, Você e Todos Nós" parece uma paródia de filme independente americano.

A cineasta consegue construir dois protagonistas interessantes, mas não estabelece o que une um ao outro. No entanto, há duas subtramas que garantem o interesse: o jogo de sedução que um colega de Richard inicia com duas adolescentes e a paquera virtual entre o filho caçula de Richard e uma mulher anônima. No paranóico cinema hollywoodiano, essas relações seriam classificadas como pedofilia. July consegue mostrá-las com humor e sem julgamento. Nesses momentos, o filme consegue ser independente em sua essência, não apenas na superfície.
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