CINEMA

ESTREIA Meia-Noite em Paris

Woody Allen brinca com clichês em novo longa

Cássio Starling Carlos

Numa agilidade surpreendente, o mais recente filme de Woody Allen estreia poucas semanas após a première mundial no último Festival de Cannes. A sucessão de imagens dos cartões-postais da capital francesa que abre o filme faz suspeitar o pior. Mas logo o gênio irônico do diretor-roteirista (desta vez ausente como ator) desloca o foco e começa a brincar com os clichês de hoje, ontem e anteontem.

O subestimado Owen Wilson está irresistível como um bem-sucedido roteirista de Hollywood disposto a se tornar um escritor fracassado na "rive gauche". Ao lado dele, uma noiva nova riquinha, seus pais esnobes e um ex-namorado pedante são caricaturas "prêt-à-porter" da legião de americanos que aspira nobreza respirando o ar francês.

Ao escapar, ele descobre outros encantos quando vai parar na Paris mítica dos "anos loucos", povoada de lendários artistas e musas. Nesse universo paralelo, o filme não nos poupa da avalanche de clichês "culturais".

É fácil enxergar no resultado uma preguiça do diretor de reinventar, ciente que os devotos sempre farão fila para seus tiques e gracejos. Mas é difícil negar que dá muito prazer rever sob a Paris dos turistas a Paris do cinema.

Não recomendado para menores de 12 anos.