CINEMA

As Crônicas de Nárnia - Príncipe Caspian

Mais ação e violência marcam seqüência

Ricardo Calil

Em dois momentos de "As Crônicas de Nárnia - Príncipe Caspian", que estréia hoje (dia 30), o leão Aslam explica à pequena Lucy Pevensie: "As coisas nunca acontecem duas vezes da mesma maneira". Algo parecido poderia ser dito sobre as seqüências de cinema.

Em relação a "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" (2005), primeiro longa da série baseada nos livros de C. S. Lewis, há pelo menos uma mudança fundamental: diminui o peso da religião, aumenta o da ação. Assim, o novo título deixa um pouco de lado a moral cristã -que era, ao mesmo tempo, o maior fardo e o grande diferencial de "As Crônicas de Nárnia".

Na história, os quatro irmãos da família Pevensie (Peter, Susan, Edmund e Lucy) são transportados novamente da Inglaterra para o reino de Nárnia, agora sob o domínio do maligno rei Miraz.

Eles tentam ajudar o príncipe Caspian, legítimo herdeiro do trono, a conquistar o poder, liderando um Exército que inclui duendes, centauros, minotauros, texugos e ratos falantes. Mas, para ter sucesso, precisam reencontrar o desaparecido Aslam (visto como uma encarnação zoomórfica de Jesus Cristo).

Sem o leão em cena na maior parte do tempo, o filme perde um pouco de sua personalidade e se torna uma espécie de genérico de fantasia infanto-juvenil, com elementos que lembram "Harry Potter", "O Senhor dos Anéis" e até mesmo "Shrek 2" (o rato esgrimista daqui se parece muito com o gato espadachim de lá; aliás, o diretor dos dois filmes é o mesmo, Andrew Adamson). Mas o cineasta consegue costurar todas essas referências com uma competência acima da média.

Por último, é preciso avisar que, com a ênfase na ação, o longa se transforma, às vezes, em uma diversão um tanto violenta para as crianças.

Censura: 10 anos.