NOITE

Clubes superexclusivos

Escolhidos a dedo

Danila Moura

Antigamente, as boates separavam um canto da casa para abrigar os VIPs, que pagavam mais caro para ficar no cercadinho do camarote, longe da patuleia. Agora, a nova onda entre os clubes é selecionar seus frequentadores: só entram na casa os que têm "nome na lista". E não adianta espernear na porta, o cliente pode estar dirigindo uma Ferrari mas, se não for amigo dos proprietários, não entra. Até o clube Lions, do mesmo dono do Vegas, que abre no final deste mês, pretende dar regalias aos "associados".

dorothy
Atravessada a desejada porta vermelha, corredores e escadas em ambientes escuros dão acesso à pista do clube. Funcionários atenciosos direcionam os convidados, previamente inscritos. A chance de uma pessoa sem nome na lista entrar é pequena, mas existe. Lá dentro, se surpreende quem imagina encontrar um local repleto de endinheirados arrogantes, dançando ao som de house de qualidade duvidosa. ?Ali impera um clima amistoso, afinal, o público é formado por amigos dos proprietários. Belos rapazes e garotas são acolhidos em elegantes sofás de veludo, sob o embalo de uma programação musical qualificada. ?Shows de bandas de jazz descoladas, discotecagens de rock em várias vertentes e festas inusitadas, como a Glam, que toca de músicas latinas a David Bowie, regem o som.
Al. Lorena, 2.119, Jd. Paulista, região oeste, s/ tel. Proibido para menores de 18 anos. Qua. a sáb.: a partir das 22h30. Ingr.: R$ 50 a R$ 90.

Bar Anexo
Instalado junto ao bar Blá, o Anexo é um clubinho feito para os sócios realizarem festas só com amigos e afins. Em novembro, causou frisson ao receber os integrantes da banda The Killers, numa balada só para VIPs. Anunciadas de última hora, as noites abrigam somente os convidados avisados por meio de um "mailing". Os frequentadores do bar Blá não tem acesso ao local. Sem uma programação fixa, rola um som eclético: de MPB a house. Depende da vontade dos proprietários.
Av. Brig. Luís Antônio, 5.003, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3052-2448.

club a
Numa atmosfera elegante, o clube do apresentador Amauri Júnior transpira luxo e riqueza. E a fama não é à toa, basta verificar os valores cobrados para ser sócio: R$ 5.000 (homem) e R$ 1.500 (mulher), com direito a parceria em outros clubes privês internacionais. Isso se a pessoa for indicada por um dos "embaixadores" do estabelecimento, na maioria, membros da classe "AAA". Gente "comum" desejosa de transitar pela "high society" por um dia, pode optar pelo "day pass" (R$ 500). A pista, decorada com dois coqueiros de cristal, está cotada para receber a cantora Beyoncé após o show de amanhã (dia 6). O clube também terá um camarote especial no estádio do Morumbi.
Av. das Nações Unidas, 12.559, piso C, Brooklin Paulista, região sul, tel. 3010-4000. 1.200 pessoas. Proibido para menores de 18 anos. Qui. e sex.: a partir das 22h. Sáb.: a partir das 23h. CC: AE, D, M e V. Estac. c/ manob. (R$ 20).

BAR SECRETO
Pioneiro no quesito "só VIPs", não tem placa na porta nem telefone de contato. Aberto em 2008, já curtiu momentos de glamour, quando recebeu a cantora Madonna e a dupla Justice, entre outros gringos famosos. O sobrado simples, de pista pequena e com uma decoração que tem um visual cenográfico de filme tipo "B" no andar superior, hoje amarga a concorrência com outros espaços semelhantes. Sem muitos atrativos na infraestrutura, ainda pulsa sob a batida de festinhas de MPB sacolejante ou de música eletrônica variada. Fiel à lista, dá para se cadastrar no site da casa e, se tiver sorte, receber a programação.
R. Álvaro Anes, 97, Pinheiros, região oeste, s/ tel. A casa não divulga os dias e horários de funcionamento nem os valores de entrada.

e quem não entra?
Maria Inês Dolci, colunista da Folha e coordenadora institucional do Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), esclarece que o uso de listas pelos clubes não é ilegal. Porém, devem ser claros os critérios de seleção e o uso desse método, para evitar constrangimento entre as pessoas desavisadas.
Já a seleção na porta de clubes que não funcionam só com listas de convidados deve ser esclarecida. O cliente deve saber quais são os "critérios" para dizer quem entra ou não, e se alguém se sentir discriminado, pode mover uma ação judicial contra o estabelecimento.