TEATRO

Um Navio no Espaço

Encontros e desencontros

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Milena Emilião

"Como todos podem ver, não há nenhum truque, nenhum alçapão escondido, nem jogos de luz enganadores", escreveu Ana Cristina Cesar no poema "Epílogo", em 1980. Três anos depois, a poeta pularia do oitavo andar do seu prédio em Copacabana, aos 31 anos. Os motivos que levaram a jovem ao suicídio e a beleza de sua obra são algumas questões levantadas pela peça "Um Navio no Espaço ou Ana Cristina Cesar", que estreia amanhã (dia 8), no Sesc Santana, após temporada no Rio de Janeiro, em 2009.

No elenco, Paulo José, que assina a direção, e sua filha Ana Kutner, no papel-título. "O espetáculo é muito autoral. É sobre admiração, e não um lamento. Há tanta coisa que poderia ter sido dita, se houvesse tempo", reflete Ana, que colocou o projeto do pai em prática. "Desde 1983, quando conheci a obra dela, penso em fazer algo sobre Ana Cristina", afirma Paulo José.

O ator foi colega de Ana C., como era conhecida, na Rede Globo, mas não sabia da poeta dentro da mulher cuja função era a de fazer críticas ao seu trabalho. "Ela era só uma funcionária da Globo com quem eu discutia. Após sua morte, seus livros foram publicados, e conheci sua poesia genial."

Depois de nove anos longe dos palcos, "Um Navio no Espaço" marca o reencontro de Paulo José com o público do teatro, com um trabalho que estava "na mira há muito tempo", segundo o ator, e com a filha ("sou mais padrinho, não exerço autoridade", esclarece), ao lado de quem tinha trabalhado apenas em um espetáculo. Em "Um Navio...", diz Ana Kutner, "todo mundo saiu diferente, tocado".

Sesc Santana - teatro - av. Luiz Dumont Villares, 579, Santana, região norte, tel. 2971-8700. 349 lugares. Sex. e sáb.: 21h. Dom.: 19h30. Estreia 8/5. Até 6/6. 75 min. Não recomendado para menores de 14 anos. Ingr.: R$ 5 a R$ 20. d i