Mercado tem suas razões para chilique, mas campanha mal começou

Ciro e Bolsonaro levam a apostar pelo pior, mas maioria dos eleitores não está nem aí

Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados Você atingiu o limite de
por mês.

Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login

Fernando Canzian
São Paulo

No início do ano, esperava-se que a essa altura um candidato à Presidência de centro fosse competitivo e estivesse embolado com nomes da esquerda e da direita, hoje representados por Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL). 

O mercado financeiro estava otimista, baseado na esperança de vitória de alguém capaz de unir os grandes partidos e tocar reformas duras como a da Previdência. 

Por enquanto, a aposta não vingou. 

Agora já há consultoria estimando variações na Bolsa entre queda de 40% e alta de 60%, dependendo do resultado da eleição, e dólar de volta aos R$ 3,20 ou a R$ 4,40. Nos piores cenários, Ciro ou Bolsonaro venceriam. 

É pura especulação. Pois podemos pensar também que Ciro e Bolsonaro talvez só aparecem na frente porque estão em campanha há dois anos. Ou que, se eleitos, também tocarão as reformas necessárias, seja por convicção ou completa falta de opção.

E que, embora estejamos a quatro meses da eleição, o fato é que a campanha mal começou.

Sozinhos, Ciro e Bolsonaro terão pouca estrutura partidária e fundos, tempo mínimo na TV, pequena capilaridade nos mais de 5.500 municípios e poucas coligações nos 27 estados, elementos que normalmente pesam muito.

É significativo também que cerca da metade (46%) dos eleitores ainda digam espontaneamente não ter encontrado um candidato, segundo o Datafolha. Somados aos que pretendem anular ou votar em branco, dois terços do eleitorado (67%) ainda estão longe de qualquer decisão.

O que sabemos: 68% dos eleitores vivem em famílias que passam o mês com menos de R$ 2.900 e foram, nos últimos anos, do céu ao inferno.

Depois de experimentar o “boom” de crescimento nos governos Lula, marcados pelas contas públicas em ordem, agora vivem os efeitos da pior das recessões, engendrada pelas intervenções econômicas e irresponsabilidade fiscal de Dilma.

Sabemos também que a economia rateia, os empresários têm medo e o mercado dá chiliques porque a deterioração das contas públicas e o endividamento federal tornaram-se insustentáveis.

Que a dívida bruta federal saltou 20 pontos em quatro anos, para 76% como proporção do PIB, e que queimaremos de vez no inferno se não reformarmos a Previdência e enxugarmos o Estado.

Disso sabemos. É nesse contexto que o país entra daqui a alguns dias na… Copa do Mundo.

Campanha, discurso para valer dos candidatos e eleições mesmo, só mais adiante.

Relacionadas