O PSDB irá representar no Ministério Público e no Ministério Público Eleitoral contra a divulgação de uma pesquisa eleitoral encomendada pelo PSB, partido do governador de São Paulo Márcio França, ao instituto Vertude.
A sondagem, divulgada na segunda (4), aponta que França estaria em segundo lugar na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, com 11,1% das intenções de voto. Nesse levantamento, João Doria (PSDB) lidera a preferência dos eleitores, com 18,2%. Paulo Skaf (MDB) aparece em terceiro lugar, com 8,4%.
A pesquisa ouviu 3.255 pessoas por telefone. Segundo o questionário disponível no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), cada entrevistado deveria teclar no telefone a resposta correspondente ao pré-candidato que preferia. A margem de erro da pesquisa é de 1,72%, segundo o instituto.
De acordo com o deputado estadual Marco Vinholi (PSDB), líder da bancada tucana na Assembleia Legislativa de São Paulo, o partido pedirá que a Promotoria apure se houve crime eleitoral na aplicação do questionário e na divulgação da pesquisa.
Além disso, pedirá que se apure o contrato da Vertude com o governo estadual. Consta no Diário Oficial que a empresa mantém, desde fevereiro de 2018, contrato com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados para prestar serviços de pesquisa por "discagem e interação por meio de atendimento telefônico". O valor do serviço é de R$ 1,5 milhão.
Vinholi diz que a denúncia apresentará "todos esses fatos para que se apure responsabilidades".
Na terça (5), a Justiça Eleitoral concedeu liminar proibindo a divulgação dessa pesquisa, também a pedido do PSDB.
O juiz Afonso Celso da Silva concordou com a reclamação dos tucanos de que a apresentação dos candidatos no questionário não era "linear e homogênea".
"Aquele filiado ao Partido Socialista Brasileiro [Márcio França] é o único a não ter a agremiação partidária respectiva expressamente indicada. Também há referência à sua pessoa como o ocupante do cargo de governador do Estado de São Paulo, o que também, potencialmente, seria forma de diferenciá-lo dos demais, que nenhuma qualificação, exceto a partidária, receberam", escreve Silva no despacho.
Na divulgação da pesquisa, o diretor-executivo da Vertude, Ricardo Brasil, afirma que o objetivo da sondagem "foi construir um questionário que ajudasse o eleitor a identificar melhor os candidatos, principalmente o pré candidato Márcio França, ainda desconhecido por grande parte dos eleitores, qualificando-o como atual governador de São Paulo".
Procurado, Brasil não respondeu à reportagem até a publicação deste texto. O Palácio dos Bandeirantes afirma que não se pronunciará, pois é um assunto que não compete ao governo e, sim, ao partido.
"O PSB ainda não foi notificado da decisão que é objeto da notícia. Estranha que João Doria, ex-prefeito que renunciou, queira esconder a informação de que o Marcio França é o governador do estado de São Paulo. Na oportunidade do contraditório processual o PSB defenderá o direito do eleitor de ser informado a respeito dos cargos ocupados pelos candidatos", afirmou a legenda, em nota.
O partido ainda afirma que a pesquisa foi registrada no prazo e as perguntas não foram impugnadas pelo TSE. "A publicação do resultado foi feita de acordo com as regras para pré-campanha. Não são obrigatórios outros dados porque ninguém é oficialmente candidato. O resto é pavor dos tucanos, que perdem todas as ações contra o PSB. Ontem mesmo (5/6/18) viram o TRE [Tribunal Regional Eleitoral] negar provimento contra denúncia de propaganda antecipada”, afirma a sigla.
“Atabalhoados, chegam a atirar contra o próprio partido, uma vez que o contrato com a empresa Vertude, resultado de um pregão, foi firmado em janeiro deste ano, na gestão do então governador Geraldo Alckmin", conclui o PSB, em nova nota.
Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em abril, Doria tem 29% das intenções de voto, Skaf, 20%, e Márcio França, 8%.
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