Más novas pioram clima no planeta

Emissões voltam a subir após 3 anos de queda, reavivando a marcha do aquecimento global

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As notícias ruins se acumulam, e não se trata só dos petardos na política brasileira. O clima vai mal no planeta, e não pense que é só por causa de Donald Trump, Kim Jong-un e Vladimir Putin.

É o clima mesmo, em sentido literal, que vai continuar mudando —para pior. Por uma razão simples: as emissões de carbono (gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, CO2) voltaram a crescer, reativando a marcha insensata do aquecimento global.

Propriedade rural em Chamusca da Beira completamente destruída pelos incêndios florestais que atingiram a região central de Portugal no ano passado - Lalo de Almeida/Folhapress

Quem acha que isso não muda nada no planeta que se informe sobre o que está acontecendo no Ártico.

O ponto máximo de congelamento do mar em volta do polo Norte, neste inverno setentrional 2017-18, foi o segundo menor já registrado. Perdeu só para 2017-16. Todos os quatro recordes negativos ocorreram nos últimos quatro invernos.

Adieu, Paris. Nessa toada, ninguém acredita mais que será possível alcançar a meta do acordo fechado em 2015 na capital francesa, de manter em 2ºC (de preferência em 1,5ºC) o aumento da temperatura média da atmosfera terrestre.

O aumento das emissões registrado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na abreviação em inglês), 1,4% de 2016 para 2017, parece pequeno. Não é. Ele reverte uma série de três em que a poluição climática se mantivera estável.

Se fosse para cavar uma boa notícia em meio à fuligem, seria o caso de assinalar que a economia mundial cresceu bem mais que 1,4% no ano passado. Segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional em janeiro, o produto global terá aumentado 3,7% em 2017. A IEA estima que a demanda por energia progrediu menos, 2,1%.

A intensidade carbônica da economia diminuiu, ou seja, emitiu-se menos CO2 por unidade produzida. Pouco importa: aumentamos a quantidade absoluta de carbono despejada no ar, 

Verdade que as fontes renováveis e limpas —eólica, solar fotovoltaica e hidrelétrica— estão avançando como nunca. A eletricidade gerada por essas fontes, que não emitem CO2, saltou 6,3% e já responde por um quarto da energia elétrica no globo.

Não foi o suficiente, contudo, para pôr freio à expansão dos combustíveis fósseis (carvão mineral, óleo e gás natural), cuja queima constitui a maior fonte de carbono perturbador da estabilidade climática. Eles ainda fornecem 81% da energia primária (geração elétrica e transportes) consumida pela economia mundial.

Se fosse para buscar vilões, haveria que apontar o dedo para a China e a Índia. Na Ásia se concentra a maior parte do aumento da demanda energética. Só esses dois países garantiram 2/5 do crescimento.

Os EUA, paradoxalmente, viram suas emissões diminuírem 0,5%. Trump pode bajular eleitores nos estados produtores de carvão mineral, mas as forças de mercado estão favorecendo as energias renováveis.

O ano de 2017 também presenciou catástrofes como os furacões Irma e Maria, em Porto Rico, e Harvey, no Texas; o tufão Damrey no Vietnã; incêndios devastadores em Portugal, Espanha, Itália, Califórnia e Chile. A temperatura global acumulou 1,1ºC de aumento.

Com dados bem menos robustos, em qualquer outro setor, todos na esfera pública se apressam a identificar uma tendência e a clamar que algo precisa ser feito. Não para o clima.

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