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Crime organizado de fato

Corrupção policial é um desdobramento da corrupção política, segundo delegado

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Mais de uma semana após a decretação da intervenção federal na segurança do Rio, finalmente ouviu-se a voz do interventor, general Braga Netto. Pelo pouco que falou em sua entrevista coletivalimitando, inclusive, as perguntas de jornalistas—, pareceu não ter um plano pronto, mas intenções.

 
De noticioso, a informação de que não haverá ocupação em comunidades —medida cara, pouco produtiva e fértil em violações de direitos, como mostrou a ação na Maré em 2014— e a promessa de reforço no policiamento das ruas, recuperando a frota sucateada da PM e ao menos parte dos mais de 2.000 policiais cedidos a outros órgãos.

Alinhado ao mantra de que é preciso fazer uma limpeza nos corruptos órgãos de polícia, o general anunciou ainda que reforçará as corregedorias, “para que o bom policial seja valorizado e o mau seja penalizado”. 

Difícil discordar da necessidade de tais medidas, mas impossível ter fé em mudanças profundas na segurança do estado a partir delas. Porque nenhuma ataca os problemas estruturais. Parte deles nem está mesmo sob a alçada de Braga Netto, como deixa claro Vinícius George, delegado da Polícia Civil do Rio.

“A corrupção policial é um problema? Claro que é. Mas, se não enfrentarmos primeiro a corrupção política, esquece, não tem efeito na corrupção policial. Ela, em regra, é um desdobramento da corrupção política. Se a intervenção é para enfrentar o crime organizado, crime organizado no Rio é o MDB”, disse o delegado, em entrevista ao programa Faixa Livre, da rádio Band AM.

“Favela nunca teve crime organizado. Ao contrário, é anárquico. A única chance desses garotos passarem dos 24 anos é serem presos. Senão morrem. Em conflitos com outros criminosos, na mão da polícia. Quer saber quem manda na favela? Vê quem tem voto ali.”

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