Baixo Augusta reúne multidão e grita contra racismo e homofobia
No centro de São Paulo, puxador de bloco usou trio para puxar 'fora, Temer'
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Um dos maiores blocos carnavalescos de São Paulo, o Acadêmicos do Baixo Augusta encerrou às 21h seu desfile neste domingo (4). A previsão era terminar a festa por volta das 20h. As duas vias da rua da Consolação foram fechadas para o cortejo da agremiação, que reuniu milhares de foliões para acompanhar os quatro trios do grupo.
Sob o tema "É Proibido Proibir", o desfile foi marcado por discursos políticos. No chão, um boneco de Olinda do bloco estava com uma camiseta com a frase "Fervo também é luta". Em cima do trio, a cantora Leci Brandão intercalava versos de músicas com palavras contra o racismo e a homofobia. Em cima do bloco, o puxador, Wilson Simoninha, instigava o público a gritar "fora, Temer".
Nos momentos finais do evento, com o trio parado em frente ao prédio que abriga a sede do Baixo Augusta, a cantora Maria Rita foi convidada para subir ao trio. Ela cantou "Como Nossos Pais" e "Não Deixe o Samba Morrer". A organização soltou fogos de artifício para celebrar o desfile no momento em que a cantora entoava a segunda música.
Ao chegar no ponto final do trajeto, a esquina entre a avenida São Luís e rua da Consolação, Simoninha instigou, mais uma vez, o público a gritar "fora, Temer" em seu discurso, que também comemorava a liberdade e a diversidade.
Como foi o desfile, sem grandes tumultos ou ocorrências, a dispersão foi tranquila.
FOLIÕES
No chão, o público com grande presença LGBT bebeu, dançou e se divertiu. O casal formado pelo químico Jean Sousa, 34, e o professor Christopher Lockhart, 44, compareceu pelo segundo ano seguido no bloco. Americano, Christopher diz que adora o clima de festa.
O grupo de amigas comandado pela aposentada Maria Margarida, 72, veio de Santo André para ver o desfile. "Escolhemos pela televisão e também pela facilidade de acesso", contam. Gostaram da agitação, mas acharam que o bloco demorou muito para sair —o desfile começou às 17h e a concentração, às 15h.
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Já o engenheiro químico João Salmazo, 27, não teve uma experiência muito alegre. Teve os óculos quebrados em uma tentativa de assalto no bloco. "Tentaram colocar a mão no meu bolso, mas eu estava com a doleira. Não levaram nada." Ele, que vai sempre para blocos, veio para o Baixo Augusta pela primeira vez. "Não foi o que eu esperava."