Mortes: Barata, o professor imortal do Norte do Brasil
Fanático pelo Paysandu, contribuiu com o ensino no Pará e no Amapá
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"Cala a boca, seus diabo! Vocês falam muito!"
Essa era a maneira como o professor Barata pedia silêncio aos alunos. Em geral, o efeito era uma gargalhada coletiva. Em seguida Barata batia no quadro, e assim conseguia o efeito desejado.
Nascido em Belém do Pará, o primogênito entre nove filhos teve que começar a trabalhar cedo para ajudar a família. Formou-se em direito e, ainda enquanto cursava história, começou a lecionar a disciplina em um cursinho pré-vestibular, em 1978.
Não pararia mais. Mesmo sem concluir o curso, deu aula de história por 40 anos. O diploma nunca fez falta —Barata respondia a qualquer dúvida sobre o tema de cabeça. Descrevia os fatos com riqueza de detalhes.
Quando o tema era a Segunda Guerra, costumava dizer que se houvesse uma terceira, todo mundo morreria, menos ele. "Barata resiste à radiação atômica", falava.
No início da década de 90, trocou Belém por Macapá. Não deixou para trás, porém, o time do coração, o Paysandu. Na capital amapaense, frequentemente ia ao bar do Abreu assistir às partidas do Papão da Curuzu.
Em Macapá, foi professor em diversas escolas, cursos preparatórios e chegou a gerir uma escola estadual. Sua contribuição na educação local foi tão reconhecida que o estado emitiu uma nota de pesar na terça (27).
Morreu no último dia 26, aos 59, por complicações em decorrência de um câncer. Deixa a esposa, Márcia, com quem estava casado havia 31 anos, os filhos Rodrigo Carlos, Lorena e Antônio Carlos Júnior, oito irmãos e dois netos.