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Após 21 dias, rodovia Mogi-Bertioga é liberada para o tráfego de veículos

Obras ainda poderão provocar estreitamento da pista nos próximos meses

Mogi-Bertioga fica totalmente bloqueada após deslizamento de terra (11.abr.2018) - Divulgação/ Bombeiros

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São Paulo

A rodovia Mogi-Bertioga (SP-98) foi liberada para o tráfego às 16h30 desta quarta-feira (2) após ficar fechada para os carros por 21 dias. Este foi o mais longo dos quatro bloqueios da via registrados desde fevereiro, em decorrência de quedas de barreira. 

Segundo o governo estadual, a reabertura foi decidida após vistoria técnica constatar que o talude do km 89 apresenta "estabilização satisfatória".

Apesar disso, haverá alguns estreitamentos da pista para continuidade das obras de contenção das encostas. Também serão mantidos dois pontos de monitoramento para acompanhar o índice de chuva —caso passe dos 80 milímetros, a via será interditada preventivamente. 

Os recentes casos de deslizamento de terra expuseram a instabilidade da rodovia e a insegurança de motoristas. Técnicos do DER chegaram a reconhecer a dificuldade de evitar que elas se repitam  —cenário que pode tornar a rodovia uma roleta-russa para seus usuários. 

Este último bloqueio teve início no último dia 11, quando grande quantidade de terra, vegetação e uma pedra de mais de 200 toneladas bloquearam totalmente a estrada no trecho de serra. Não chovia na hora, mas o solo encharcado da encosta já havia empurrado o muro de contenção dias antes.

Desde então, os motoristas estavam tendo que desviar. No sentido São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba, pelas rodovias dos Tamoios (SP-99) e Oswaldo Cruz (SP-125). Já quem ia para Guarujá e Bertioga, pelas vias Anchieta (SP-150) e Imigrantes (SP-160). 

Como a Folha mostrou, universitários que moram no litoral norte de São Paulo e estudam em Mogi das Cruzes estavam perdendo aulas por conta da interdição. Outros tiveram de incluir na rotina ao menos uma hora e meia a mais no trajeto entre suas casas, na praia, e a universidade. 

Além do tempo maior de viagem, a passagem de ônibus para Mogi ficou mais cara. Subiu de R$ 11 para R$ 25 a taxa paga por quem tem carteirinha de estudante. Assim, teve gente que preferiu se mudar para Mogi das Cruzes nesse período.

PROBLEMAS CRÍTICOS

Por estar em uma região de serra, a Mogi-Bertioga tem praticamente metade de sua extensão sobre solo irregular, formado por pedras misturadas a partes arenosas.

O clima do lugar também ajuda a acelerar a deterioração dessas rochas enormes que formam a encosta até chegar ao nível do mar. O ambiente é serpenteado por rios e cachoeiras, além da amplitude térmica: calor de dia e frio e neblina à noite. 

O km 89 da Mogi-Bertioga chegou a ficar interditado por 30 dias dez anos atrás.

O DER afirma que, para tentar evitar novos deslizamentos, houve a construção de um muro de contenção no local, e outras seis obras semelhantes foram feitas na via ao longo da última década. Com a queda de barreira do dia 11 de abril, restou só metade do muro de 50 metros. 

O geólogo Silvio Pomaro avalia que a rodovia não recebeu ações para previsão do comportamento do solo nos últimos anos. “É um problema crônico que agora está crítico. As obras de contenção feitas foram um paliativo, não resolvem de fato.” 

Nesta quarta, governo afirmou em nota que, durante o feriado, equipes trabalharam para "concluir o muro de contenção, com grades e pedregulhos, assim como os serviços para retirar a terra e recuperar o pavimento asfáltico, danificado pelo peso das rochas que cederam".

Também estão sendo construídos muros de contenção e estabilização de talude nos seguintes pontos da rodovia: km 82, km 87, km 87,9, km 88,8 e km 89. 

O trabalho no topo do talude, no entanto, é apontado como o mais complexo. Rochas gigantes, localizadas a 200 metros de altura e com risco de queda, estão sendo fragmentadas e serão realocadas no próprio talude, onde máquinas trabalham na formação de bermas de equilíbrio. 

Por conta das obras, serão montados estreitamentos na pista de segunda a sexta-feira. Aos sábados, domingos e feriados, os serviços serão interrompidos para facilitar o escoamento do tráfego. O governador Márcio França (PSB) afirmou que as obras devem durar pelo menos mais 3 ou 4 meses. 

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