Descrição de chapéu

Incêndio mata quatro pessoas da mesma família na zona norte de SP

O fogo começou pouco depois das 2h em um barraco de madeira e atingiu outros cinco

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Jéssica Lima
São Paulo | Agora e UOL

Quatro pessoas da mesma família morreram carborizadas na madrugada de ontem em um incêndio na comunidade do Tribo, na Vila Brasilândia (zona norte). O fogo começou pouco depois das 2h em um barraco de madeira e atingiu outros cinco.

As vítimas são o casal Ana Cecília da Costa, 31, e Anderson Gomes, 35, e seus filhos Eric, 10 meses, e Lucas, 4. Segundo a Defesa Civil, outras seis pessoas moravam nos demais barracos atingidos, mas não se machucaram.

O fogo consumiu tudo o que tinham e a suspeita do órgão é que o incêndio tenha sido causado por fiações clandestinas. “Eu escutei as telhas pipocando e pensei que fossem tiros. Quando saí de casa, vi muito fogo. Foi um pesadelo”, contou uma moradora que não quis se identificar.

Logo, mais vizinhos acordaram e tentaram conter as chamas com água em baldes. “Nunca temos água depois das 22h. Então só usamos o que tinha na caixa e depois os bombeiros chegaram”, explicou outra moradora.

O Corpo de Bombeiros disse que recebeu uma ligação da ocorrência às 02h32 e chegou ao local às 02h38. “Mandamos 16 viaturas com 100 mil litros de água, o suficiente para controle das chamas, que foi feita em cinco minutos de combate”.

O casal Wesley do Carmo, 27, que é servente de pedreiro, e a copeira Jéssica Cristina, 27, moram com o filho Cauê, 8, bem acima de onde a tragédia aconteceu.

“Acordamos de madrugada com os gritos e o fogo entrando pela janela. A primeira coisa que fiz foi pegar o meu filho e correr para fora”, relatou Jéssica. “Eu vi o Anderson ontem [anteontem]. Não consigo acreditar que hoje carreguei o corpo dele todo queimado”, contou Wesley.

A prefeitura disse que o incêndio ocorreu na rua Antônio Rocha Mattos Filho,100, e das seis casas atingidas, só quatro eram habitadas e não houve interdição no local.

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informou que “atendeu as vítimas e forneceu colchões, cobertores, cestas básicas e kits de higiene e limpeza para as famílias que não aceitaram acolhimento”.

O terreno onde está a comunidade é particular e tem ocupação irregular, de acordo com a Prefeitura Regional Freguesia do Ó/Brasilândia.

FALTA DE ÁGUA

Segundo moradores, interrupções no fornecimento de água, comuns à noite, prejudicaram o combate ao incêndio. 

Questionada sobre o corte no fornecimento de água depois das 22h, a Sabesp se limitou a dizer que “não houve falta d’água e nenhum outro problema para a execução do trabalho dos bombeiros”. 

As professoras da creche Cantinho do Progresso amanheceram em luto na manhã de ontem com a notícia de que dois dos seus alunos tinham morrido junto com os pais no incêndio.

“Tanto nós aqui da creche, como todo mundo do bairro, estamos comovidos”, contou a coordenadora da creche, Márcia Paula. Lucas e Eric, afirma, estudavam no local desde os primeiros meses.

“Acompanhávamos ele há quatro anos, das 7h às 17h, de segunda a sexta. Vimos os primeiros passos, os primeiros sorrisos, tudo. É uma fatalidade”, lamentou.

A coordenadora conta que os pais eram trabalhadores e que sempre estavam presentes no dia a dia das crianças na creche. “Eram pais muito presentes, tanto que a gente nunca precisou ir na casa deles”, afirma Márcia.

 

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