Mortes: O 'professor' do sopão, viva tradição da culinária manauara
Carismático e humilde, popularizou restaurante de caldos à noite
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"Pois não, professor?", perguntava Walter, com um sorriso e sua boina na cabeça, ao cliente que chegava para comprar uma sopa. Não tardou para que a deferência e bordão se tornassem seu apelido.
Nascia assim o Sopão do Professor, tradicional estabelecimento de São Geraldo, em Manaus.
O negócio começou, na verdade, com a mãe do "professor". Uma das alternativas que encontrou para criar sozinha os quatro filhos foi preparar sopas, vendendo-as em uma banquinha aos taxistas. Era um caldo de feijão forte, que dava sustância e aquecia a barriga daqueles que iriam trabalhar noite adentro.
A procura era grande. Quando a mãe adoeceu, Walter assumiu a gestão e transformou a banquinha em restaurante.
O negócio funciona no mesmo local desde meados dos anos 70, há mais de 40 anos, e cresceu com a divulgação boca a boca. Lá são servidas sopas de três sabores: carne, mocotó e mista. São todas um caldo consistente, com massa e verduras.
O "professor" era um homem humilde, sem aspirações de grandeza, carismático e honesto. Essas características transmitiam uma imagem de integridade. Com isso, e por meio do Sopão, se tornou figura conhecida em todas as camadas sociais de Manaus —de desembargador a frequentador de boteco.
Quando jovem, teve uma paixão arrebatadora. Conheceu Raimunda em 1º de maio de 1962. No dia 29 já estavam se casando. Ficaram juntos até a sua morte, aos 77, no último dia 17, após uma pneumonia.
Além de dona Raimunda, deixa os filhos Ítalo, Joab e Franco, dois irmãos, sobrinhos, oito netos, e o Sopão do Professor, memória viva da culinária manauara.
coluna.obituario@grupofolha.com.br