Mortes: Pesquisador, gaúcho deixou a terra cultivar sua vida
Professor tornou-se uma das maiores referências brasileiras em plantio direto
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Aos seis anos, Dirceu Gassen começou a acompanhar o pai na lavoura da família, em Santa Rosa, noroeste do Rio Grande do Sul (RS), onde nasceu e morou até concluir o ensino médio. Gostava de sujar as mãos na terra.
Menino, ia às aulas a cavalo, o Torresmo, dado pelo avô. Aprendeu a falar português só no ensino básico. Até então falava alemão, como os pais. Até a adolescência, não gostava de estudar. O pai chegou a colocá-lo em um internato.
Aos finais de semana, separava um tempo para as partidas de futebol de rua. Foi numa dessas que conheceu a mulher dele, Elaine, que passou de desconhecida da cidade para ser grande apoiadora e incentivadora na vida.
Torcedor fanático do Internacional, era o mais velho de seis irmãos. Com apoio da família, mudou para Passo Fundo, a 268 km de sua cidade natal, para cursar agronomia.
Pegou o canudo aos 24 anos, e começou a converter a paixão da infância pela terra em profundas pesquisas. Fez mestrado na UFRGS na área de entomologia agrícola e cursou controle biológico de pragas na Universidade da Califórnia, nos EUA. Foi pesquisador da Embrapa.
Gassen tornou-se uma das maiores referências brasileiras em plantio direto. Viajou por mais de 30 países para compartilhar o que aprendeu. "A produtividade é o conhecimento acumulado por hectare", dizia ele.
Seu maior apreço, contudo, era disseminar conhecimento em pequenas comunidades rurais e em aulas de pós-graduação.
Fã de fotografias e de músicas clássica e alemã, nunca perdeu dentro de si mesmo o jeito do menino brincalhão. Morreu, aos 65, no último dia 3, em decorrência de câncer. Além da mulher, deixa três filhas.
coluna.obituario@grupofolha.com.br