Grupo ataca empresa de valores e um morre em troca de tiros com PM no interior de SP

Três suspeitos foram presos; ataque espalhou terror em Ribeirão Preto

Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados Você atingiu o limite de
por mês.

Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login

Marcelo Toledo
Ribeirão Preto (SP)

Um ataque de uma quadrilha a uma empresa de transporte de valores que durou cerca de duas horas terminou com um assaltante morto e três suspeitos presos na madrugada desta segunda-feira (29) em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo.)

Os assaltantes, que segundo a polícia utilizaram pelo menos 21 veículos na ação, atacaram a empresa Brinks na Lagoinha, bairro da zona leste da cidade, a partir das 2h40. A intensidade da ação, que contou com cerca de dez explosões, foi ouvida em outros bairros da cidade, como Vila Tibério, distante 10 quilômetros do local, e nas regiões central e sul de Ribeirão.

Caminhão incendiado por criminosos em ataque à empresa Brinks, de transporte de valores, em Ribeirão Preto (SP) - Célio Messias/Folhapress

Para tentar concretizar o roubo, os criminosos renderam um frentista do posto de combustíveis vizinho da Brinks, que foi usado como escudo durante o ataque.

O muro entre o posto e a empresa foi explodido e pelo menos oito carros-fortes que estavam no pátio sofreram danos no início da ação.

Para evitar que a Polícia Militar chegasse ao local do ataque, a quadrilha bloqueou vias do entorno com veículos, que foram incendiados, e espalhou objetos cortantes no asfalto para furar pneus de carros que se aproximassem. 

Acionada, a polícia chegou ao local e houve troca de tiros com os assaltantes, que se arrastou por cerca de duas horas e resultou na fuga da quadrilha.

Durante o tiroteio, moradores relatam ainda terem ouvido ao menos quatro explosões na sede da empresa.

​Moradora da Lagoinha, Ana Amélia Rezende disse ter acordado com o barulho das explosões e não conseguiu dormir mais até o amanhecer.

“Pensei no começo que eram fogos para comemorar o resultado das eleições, mas o barulho foi muito forte, não poderia ser. Aí comecei a ouvir tiros e mais tiros, foi assustador”, afirmou.

Um dos assaltantes, Fabio Donner Silva Martins, 32, foi baleado e morreu no local, enquanto outros três supostos integrantes da quadrilha foram presos, dois deles em Ribeirão.

O terceiro foi encontrado em Serra Azul, cidade distante 40 quilômetros do local do ataque. Ele estava ferido. 

Martins já tinha sido preso há três anos acusado de liderar uma quadrilha que explodia caixas eletrônicos em Goiás. 

Segundo a polícia, a quadrilha, que usava fuzis, não conseguiu levar o dinheiro e nenhum policial sofreu ferimentos na troca de tiros.

Também em Serra Azul foram encontrados num canavial dez carros usados pela quadrilha, blindados –veículos Toyota e BMW entre eles. 

Dos 21 carros envolvidos, 9 tiveram como objetivo bloquear vias de acesso à região da empresa, inclusive caminhões. 

O total de criminosos envolvidos na ação ainda é desconhecido, mas policiais estimam em até 50 homens. Esse não é o primeiro ataque do tipo na cidade. Em julho de 2016, um policial e um morador de rua usado como escudo foram mortos num ataque à Prosegur, um dos maiores já registrados no país.

REFLEXOS

O ataque e o total de veículos incendiados usados pela quadrilha para interditar ruas na região da Brinks geraram reflexos no trânsito na manhã desta segunda-feira na cidade.

Já no bairro Lagoinha, o trânsito da rua Niterói foi liberado nos dois sentidos após a retirada de veículos que foram incendiados no centro da via. 

No início da manhã, 11 linhas de ônibus deixaram de circular, mas a situação foi normalizada horas depois.

Procurada, a Brinks informou que está à disposição das autoridades para eventuais esclarecimentos dos fatos.

A empresa disse ainda que prestou assistência aos funcionários que estavam na empresa no momento do ataque e que eles passam bem. 

Já a ABTV (Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores), por meio de nota, parabenizou a PM pela atuação e diz que as associadas investiram R$ 500 milhões nos últimos cinco anos em tecnologia e treinamentos das equipes.

“A raiz do problema está no tráfico ilegal das armas e explosivos no Brasil”, disse Ruben Schechter, diretor-presidente da ABTV. 

Outro caso

Também na madrugada desta segunda, em Guarulhos (Grande SP), quatro caixas eletrônicos foram explodidos em um supermercado.

Um cabo da Polícia Militar, de idade não informada, foi atropelado, no bairro Bonsucesso, por um suspeito que conduzia um carro, onde foi encontrado dinheiro manchado pelo sistema de segurança dos terminais explodidos. O policial foi socorrido e passa bem.

Segundo a PM, três carros foram incendiados pelos bandidos, na estrada do Cabuçu, após o ataque aos terminais.

Dois suspeitos, que estavam no Astra que atropelou o policial, foram presos. O condutor do veículo fugiu.

Relacionadas