Descrição de chapéu Copa do Mundo

Fifa adota silêncio e usa ex-jogadores como escudo na Copa do Mundo

Agora sob a gestão Infantino, federação foge de polêmicas e banca ex-atletas

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Fábio Aleixo
Sochi

A primeira Copa sob a administração do suíço Gianni Infantino e a “nova Fifa”, como define o cartola,  tem sido um torneio de silêncio de dirigentes e tentativas de se esquivar ao máximo de qualquer polêmica existente.

Algo bem diferente do que aconteceu no Brasil, em 2014, por exemplo. Os briefings diários de mídia, tradicionais em todas a Copas e que sempre contavam com um representante da entidade e um do COL (Comitê Organizador Local), foram abolidos.

Só serão convocados em caso de alguma excepcionalidade ou grande crise, o que não aconteceu até agora.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante Brasil x Sérvia na Copa do Mundo de 2018 - Yuri Cortez/AFP

Questões mais polêmicas que envolvam a organização e o VAR (árbitro de vídeo), por exemplo, não têm sido respondidas pela assessoria de imprensa da entidade. Uma atitude que vem incomodando jornalistas de todo o mundo.

Infantino já esteve em mais da metade das partidas no Mundial, participou de um evento na Praça Vermelha e de outro no Kremlin ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas pouco falou em sua estada no país. 

Deu uma entrevista coletiva no Congresso da Fifa um dia antes do início do torneio e só falará antes do encerramento da Copa. Falou com exclusividade apenas com a agência estatal russa Tass.

Em certo momento do Mundial, foi ofuscado pelo ex-presidente Joseph Blatter. Suspenso por seis anos em 2014 por corrupção, passou uma semana na Rússia e deu entrevistas para veículos de todo o mundo, inclusive à Folha

Fatma Samoura, secretária-geral da entidade, não falou. Postura bem diferente da adotada por seu antecessor Jérome Valcke, no Brasil, em 2014.

Desde o início da Copa, o único executivo da Fifa que respondeu a questionamentos da imprensa foi Colin Smith, diretor de competições e eventos, em briefing sobre organização. Esteve ao lado do CEO do COL, Alexei Sorokin.

A outra coletiva teve a presença do presidente da Comissão de Arbitragem da Fifa, Pierluigi Collina.

Em Moscou, a Fifa usa dois hotéis de luxo: o Radisson Ukraina e o Lotte. O primeiro hospeda funcionários do segundo escalão que trabalham na parte operacional, como serviços para a mídia. O segundo recebe Infantino e dirigentes da alta cúpula.

Todos contam com mimos, como motoristas para os levarem onde quiserem.

Deixar cartolas e temas políticos fora dos holofotes é uma obsessão de Infantino desde a sua campanha para a presidência da Fifa, em 2014.

“Eu vou trabalhar sem cansar para levar o futebol de volta à Fifa e a Fifa de volta ao futebol. Isso é o que temos de fazer”, afirmou. Um mantra que é repetido em entrevistas e internamente.

Não à toa, a Fifa tem investido bastante sem seu programa batizado de “Legends”, para o qual há um departamento específico.

 

É um projeto para trazer ex-jogadores para mais perto da entidade e do público.

Alguns deles como Lothar Matthäus e Jorge Campos inclusive estiveram ao lado de Infantino no Kremlin para conversar com Putin.

Na Rússia, são cerca de 100 “Legends” envolvidos em atividades extracampo e acompanhando as partidas.

O argentino Diego Maradona, que causou desconforto na Fifa por seu comportamento em jogo da Argentina e depois foi repreendido por classificar como um “roubo” a classificação da Inglaterra sobre a Colômbia, também faz parte do grupo.

Para deixar o futebol no foco, a Fifa fez na última quarta-feira o lançamento oficial de sua edição de 2018 do prêmio de melhor jogador do mundo, intitulado desde o ano passado de “The Best”.

Reuniu os jornalistas para conversar com seus “legends”, incluindo o brasileiro Ronaldo. Divulgou a premiação que ocorrerá em 24 de setembro em Londres. Assim como aconteceu em 2017, um painel de ex-jogadores e treinadores apontará uma lista de 10 finalistas para a votação decisiva.

Fazem parte do júri: Bum-Kun (CDS), Didier Drogba (CMA), Kaká (BRA), Wynton Rufer (NZL), Frank Lampard (ING), Fabio Capello (ITA), Carlos Alberto Parreira (BRA), Alessandro Nesta (ITA), Lothar Matthäus (ALE), Emmanuel Amunike (NIG), Ronaldo (BRA) e Andy Roxburgh (ESC).

A escolha do vencedor será feita por um painel de especialistas com os votos tendo os seguintes pesos: capitães de todas as seleções (25%), técnicos de todas as seleções (25%), escolha popular no site da Fifa (25%), representantes da mídia (25%).

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