Percalços não estragam festa de Medina em São Sebastião

Amigos e fãs se reúnem em homenagem ao surfista em sua cidade natal

Medina faz festa em cidade natal após ser campeão mundial - Paulo Whitaker/Reuters

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João Gabriel
São Sebastião (SP)

Desde a manhã deste domingo (23), o assunto predominante nas ruas de São Sebastião (SP) era a chegada de Gabriel Medina, 25, que voltaria à sua cidade natal após a conquistar seu segundo título do Circuito Mundial de surfe.

Na hora do almoço, algumas pessoas já aguardavam sua chegada na praça do Surfe, local onde terminaria o desfile de Medina em carro aberto e onde estava montado um palco para a festa.

Seu trajeto neste domingo virou tema de debate. “Ele vai descer de helicóptero e vem de Boiçucanga e vai até Maresias”, dizia um. “Ele vai só pela praia”, retrucava outro, que era complementado por um terceiro, que lembrou a festa do seu primeiro título mundial, em 2014: “Primeiro ele passa na praça, depois vai até a ponta da praia e volta”.

Neste ano, Medina decidiu repetir a comemoração na cidade que lhe apresentou ao surfe. Nascido em São Sebastião, o bicampeão mora na praia de Maresias até hoje.

Sua avó, Aurora, tem um restaurante no local, chamado Badauê, e que fica ao lado do Instituto Gabriel Medina, a alguns metros da praça do Surfe, inaugurada em 2005.

Desde a infância, a areia em frente à praça foi a segunda casa de Medina. Hugo, 41, lembra das primeiras ondas surfadas por Gabriel.

“Eu era mais velho, mas o moleque era um fenômeno. Eu surfo por hobby, ele é talento puro, já estava preparado [para o que viria]”, lembra.

Medina teve como grandes incentivadores seu amigo Cauê e seu padrasto e até hoje treinador, Charles.

“A gente sempre depositou esperança porque ele surfava muito bem, o padrasto sempre teve visão dele com surfe”, afirmou Hugo.

Iara Moura, 74, amiga da família, conta que conhece Medina “desde a barriga da mãe” e que ele surfava junto com sua filha Patricia.

“Até hoje a gente se dá bem com a família dele. Mãe, tia, avó... Não mudaram nada, continuam a mesma coisa. Só que agora, como ele é da mídia, só passa com segurança. Mesmo assim, sempre para na minha loja”, conta ela, dona de um estabelecimento perto da praça do Surfe.

O pescador Daniel viveu todos os seus 69 anos nas praias da cidade e lembra do garoto Medina surfando desde criança com seus amigos, mas sem nunca ter atrapalhado. “Um dia como hoje, para nós, é uma vitória, um filho de um lugar que é bicampeão mundial”, comemora.

“É nosso orgulho”, diz Laura Agnes, 17, natural de Maresias e atleta do Instituto.

Já Murilo Moura veio de São José a Maresias a convite do Instituto e diz que poder surfar ao lado do ídolo “inspira”.

Lucas Oliveira, de 14 anos, veio de São Paulo e sonha um dia disputar o Circuito Mundial: “Tudo que acontece na vida do Gabriel reflete na gente”.

O evento, inicialmente programado para a tarde desde domingo, atrasou.

Por volta das 19h20, pouco antes da chegada de Medina, que começou sua carreata na praia vizinha de Boiçucanga, uma queda de luz atrapalhou a apresentação da banda Koala Joe, que entretinha o público que aguardava o surfista.

A situação foi resolvida e, 15 minutos depois, Medina chegou à praça do surfe, junto com uma chuva fraca.

O surfista foi recebido por um corredor humano, formado por dezenas de pessoas, a maioria jovens e crianças. De cima de um caminhão de bombeiro, acompanhado pela família, ele ouvia os gritos de “bicampeão” e “é, Gabriel”, além de pedidos pelo tricampeonato em 2019.

No palco, a cerimônia contou com falas do prefeito de São Sebastião; da mãe de Medina, Simone, que lembrou emocionada a luta das mães; e de um pastor amigo da família, que conduziu uma oração pelo surfista.

A festa também contou com a exibição de lances marcantes da temporada e distribuição de bandeiras e faixas comemorativas.

“É muito gratificante ser recebido assim, especialmente porque é o lugar onde eu sempre morei. Passo o ano todo viajando, mas aqui é para onde eu sempre volto. Foi aqui que tudo começou onde tenho amigos e família. Meus treinos são todos aqui, em Maresias e Paúba estão as ondas que eu mais surfei. Então, é especial estar aqui agora”, afirmou o surfista.

Olhando para a praia onde pegou suas primeiras ondas, em frente à praça do Surfe, Medina lembrou: “Sou apenas mais um menino de Maresias que sonhava bastante”.


 

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