Descrição de chapéu artes plásticas

Arte contemporânea ganha galeria online

Plataforma Google Arts and Culture reúne obras de 51 museus, 15 dos quais são brasileiros

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LEONARDO SANCHEZ
São Paulo
Instalações passadas, como a ‘Nemo Observatorium’, do artista belga Lawrence Malstaf, estão disponíveis - Divulgação

O Google lança nesta quarta (7) uma coleção de arte contemporânea totalmente digitalizada, disponível para internautas de todo o mundo, e que reúne obras de 51 museus de 25 países.

A página está disponível no Google Arts and Culture, plataforma de arte e cultura criada em 2011. Nela, é possível ter acesso a cerca de 6 milhões de fotos e vídeos de quadros, esculturas, instalações e documentos históricos de forma gratuita.

É a primeira vez que o Google lança uma página dedicada exclusivamente à arte contemporânea dentro do serviço. O objetivo, segundo Alessandro Germano, diretor de parcerias estratégicas da empresa, é tornar esse tipo de arte mais acessível.

"Nós estamos sempre abertos a todas as formas artísticas", diz. "O Google disponibiliza a plataforma, e os centros culturais, a curadoria."

Câmeras e outros equipamentos necessários para a digitalização dos acervos são oferecidos pela gigante de tecnologia, embora os museus tenham autonomia para decidir o conteúdo que querem disponibilizar no Arts and Culture.

Na coleção de arte contemporânea, os internautas têm à disposição recursos como imagens, vídeos, vídeos em 360°, artigos e experiências em realidade virtual e no Street View —função em que se "caminha" pelos corredores dos museus.

Muitas das obras foram captadas por meio da Art Camera, uma câmera fotográfica desenvolvida pelo Google que é capaz de registrar até os mínimos detalhes de uma tela —de pinceladas a rachaduras.

Mas Germano deixa claro que a experiência não substitui a visita aos acervos: a plataforma serve, na verdade, como um atrativo.

"O grande benefício é o de chamar pessoas para os museus", define Germano.

Ele cita a possibilidade de observar as obras com mais calma e de forma mais aprofundada como alguns dos benefícios do Arts and Culture.

ACESSIBILIDADE

A educação, porém, é o objetivo central da ferramenta.

De acordo com Germano, a ideia por trás da plataforma é justamente descentralizar o acesso à cultura, permitindo que as pessoas conheçam obras e documentos históricos de diversas partes do mundo mesmo estando a quilômetros de distância dos grandes centros culturais.

"A arte está tão em evidência hoje em dia e, ao mesmo tempo é tão combatida e centralizada, que essa plataforma acaba se mostrando útil".

Ele diz ainda acreditar que a nova coleção serve como instrumento de desmistificação para a arte.

"As pessoas têm aquela ideia errada de 'isso [ir a museus de arte contemporânea] não é para mim'", explica.

Conhecer as coleções pela internet, segundo ele, incentiva as pessoas a visitá-las, pois mostra que o ambiente dos museus não é hostil.

BRASIL

Dos 51 parceiros que disponibilizaram seus acervos na coleção de arte contemporânea, 15 são brasileiros.

O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, e o de Museu Arte Moderna de São Paulo estão entre eles, bem como as quatro unidades do Centro Cultural Banco do Brasil.

Entre as mostras disponibilizadas pelo CCBB São Paulo está a instalação "Nemo Observatorium", do belga Lawrence Malstaf, que esteve em cartaz na edição de 2017 do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica.

Um vídeo em 360º dá ao internauta a chance de se sentir dentro da obra, reproduzindo a experiência de quem viu a instalação ao vivo.

Na obra de Malstaf, partículas de isopor flutuavam em volta do visitante, que ficava sentado no centro de um grande cilindro de vidro.

O grande destaque da nova coleção, porém, é o Instituto Tomie Ohtake, que selecionou 50 quadros da artista plástica para serem digitalizados pela primeira vez.

Como o centro cultural não tem acervo fixo, as obras vieram de coleções privadas e da própria família da artista. Algumas delas nunca foram exibidas ao público.

"São obras que as pessoas não poderão ver de outra forma. A ideia é que se tenha acesso a elas através dessa plataforma do Google", diz Ivan Lourenço, diretor de negócios do instituto.

Duas exposições temporárias do Tomie Ohtake também foram digitalizadas e ganharam sobrevida: "Os Muitos e Um" e "Osso". Elas podem ser vistas no link artsandculture.google.com/project/contemporary-art.

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