Descrição de chapéu Artes Cênicas

Em peça, anão é metáfora de mesquinhez e sede de poder

Ator Luís Mármora adapta romance do sueco Pär Lagerkvist, Nobel de Literatura

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Maria Luísa Barsanelli
São Paulo

Meia-Meia é um sujeito grotesco, amante da guerra. Guarda impressionante mesquinhez e sede de poder para os seus meros 66 centímetros de altura. Parece um ser insignificante, mas o anão é uma metáfora bastante expressiva da pequenez e do lado sombrio do ser humano.

O personagem é o protagonista de "O Anão", romance do sueco Pär Lagerkvist, vencedor do Nobel de Literatura. Publicado em 1944, em fins da Segunda Guerra, o livro remete às teorias de Nicolau Maquiavel sobre o poder e se centra na figura do anão, que vive nos subterrâneos de um castelo renascentista, a manipular a realeza, em especial o príncipe do reino, com quem tem especial afeição.

"Ele é a maldade personificada em 66 centímetros. Ele se desprega da condição de humano para poder revelar o que há de pior no ser humano", afirma o ator Luís Mármora, que estreia "Meia-Meia", seu primeiro monólogo, adaptado do romance.

Há tempos o ator alimentava a ideia de criar um espetáculo que discutisse o poder. "Queria um personagem que não fosse a representação do poder, mas que usufruísse dele, que comesse pelas bordas."

Mármora conheceu o livro por sugestão de Vadim Nikitin, que assina a dramaturgia com o ator e com Georgette Fadel, uma das diretoras da montagem —a outra é Juliana Jardim. E logo viu na história, ainda que se passe num contexto renascentista, traços um tanto contemporâneos.

"[A trama] reflete muito toda essa violência que estamos vivendo", comenta o ator, lembrando o acirramento político e os conflitos sociais recentes no país. "Todos esses conceitos de que ele trata, das brigas pelo poder, das manipulações, são exatamente o que a gente está vivendo. E o desejo de criar a peça nasceu dessa urgência, de dialogar com o que estava acontecendo."

Além de ajustes textuais, "Meia-Meia" muda pouco do original de Lagerkvist. Mas modifica o final da história, dando ainda mais voracidade à mesquinhez tamanha do diminuto personagem.

Meia-Meia

Avaliação:
  • Quando: Qui. a sáb., às 21h30, dom., às 18h30. Até 11/11
  • Onde: Sesc Pompeia, r. Clélia, 93
  • Preço: R$ 6 a R$ 20
  • Classificação: 16 anos

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