Ações da Via Varejo e do Pão de Açúcar disparam com possível parceria com a Amazon

Amazon.com e Casino estariam negociando parceira no Brasil ou venda da Via Varejo, diz agência

Prateleira virtual em loja do Pontofrio, da Via Varejo, no Shopping Vila Olímpia - Marcelo Justo/Folhapress

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São Paulo e Paris | Reuters

As ações da Via Varejo, empresa responsável pelas marcas Casas Bahia e Pontofrio, e do GPA (Grupo Pão de Açúcar), do qual a Via Varejo faz parte, tiveram forte alta nesta terça-feira (27) em meio a rumores de que a Amazon.com e o grupo de varejo francês Casino, ao qual pertence o GPA, estariam em negociações para uma parceria no Brasil ou para a venda da Via Varejo.

As units (conjunto de ações) da Via Varejo subiram 5,10%, e os papéis preferenciais do Pão de Açúcar tiveram ganho de 3,18%, enquanto o Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas na Bolsa brasileira, recuou 1,5%.

A negociação entre Amazon e Casino foi informada à agência Reuters por uma pessoa com conhecimento sobre o assunto, mas que pediu para não ser identificada.

Procurado, o GPA disse que anunciou em outubro de 2016 sua intenção de vender o controle acionário da Via Varejo. "O processo de venda está em andamento e não há nada material para divulgar neste momento." O Casino também afirmou que o processo de venda da Via Varejo continua sem nenhum novo elemento e negou qualquer parceria em relação à subsidiária.

O movimento vem após a gigante de comércio eletrônico e o Casino fecharem um acordo para vender mantimentos da rede francesa Monoprix, do Casino, por meio da Amazon.

O acordo no Brasil poderia ser estruturado como uma parceria no mesmo modelo ou com a venda da Via Varejo, diz a agência Reuters.

O GPA colocou a Via Varejo à venda há dois anos, mas a empresa atraiu pouco interesse com sua infraestrutura à época tradicional mantendo custos persistentemente altos e pesando nos lucros.

Desde então, a empresa expandiu suas operações de comércio eletrônico, tornando-se uma das maiores do gênero no país. A Via Varejo conta com quase mil lojas e está presente em mais de 400 municípios. 

A Amazon tem avançado lentamente no complexo e altamente competitivo mercado de varejo online brasileiro, começando com a venda de livros eletrônicos em 2012, acrescentando a oferta de livros físicos dois anos depois e oferecendo a venda de produtos de terceiros em outubro.

A agência Reuters informou recentemente que a maior varejista online do mundo está se preparando para avançar sua presença no Brasil, conversando com fornecedores locais de eletrônicos e de outros produtos e transferindo as operações logísticas no Brasil para um complexo de galpões no município de Cajamar.

Analistas do JPMorgan escreveram em nota a clientes que um acordo com a Via Varejo poderia ser "um potencial atalho para a expansão da Amazon no Brasil, particularmente por fornecer capacidades de atendimento que têm sido um problema central". A Via Varejo tem cerca de 26 centros de distribuição espalhados no país

ALIMENTOS

Na segunda (26), o Casino anunciou que sua marca de supermercados francesa Monoprix venderia alimentos por meio da Amazon.

Em comentários sobre o anúncio da parceria na França, analistas do Credit Suisse disseram acreditar que, dada a posição do Casino de acionista controlador da rede Exito na Colômbia e do GPA no Brasil, os investidores devem começar a considerar uma extensão desse acordo para essas regiões, conforme nota a clientes distribuída pela corretora do banco nesta terça.

O Monoprix —uma das maiores redes de mercados da França, com cerca de 800 lojas em mais de 250 cidades— vai começar a vender seus produtos a clientes em Paris por meio do serviço Prime Now da Amazon, medida que deve reverberar no segmento de varejo alimentício do país.

Desde que a Amazon acertou a compra no ano passado da rede Whole Foods por US$ 13,7 bilhões, as expectativas de que a varejista poderia se voltar para a Europa na sequência têm estimulado varejistas franceses a criar estratégias sobre como melhorar suas próprias ofertas online.

A gigante americana de comércio eletrônico não fez segredo sobre seu desejo de lançar um serviço de entrega de alimentos na França como parte de uma ambição global no varejo alimentício.

A empresa opera seu serviço de entregas Amazon Prime Now na capital do país desde 2016.

"Todo mundo queria tentar trabalhar com a Amazon, mas foi o Monoprix que ganhou o dia", disse o presidente do conselho do Monoprix, Regis Schultz, à rádio francesa Europe 1.

Os detalhes financeiros da operação não foram divulgados, mas Schultz disse que um modelo em que o Monoprix faça a seleção das encomendas na loja e a Amazon cuide da entrega é "rentável" para o supermercado.

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