Descrição de chapéu Itaú

Empresas dizem que programa do Refis ajuda a pôr fim a disputas 

Companhias beneficiados pelo programa afirmam que dívidas resultam de teses controversas 

Logo de um banco do Itaú no Rio de Janeiro
Logo de um banco do Itaú no Rio de Janeiro - Sergio Moraes/Reuters
Julio Wiziack Mariana Carneiro
Brasília

Empresas que aderiram ao Refis afirmam que o programa é uma possibilidade de encerrar disputas que se arrastavam por anos com o fisco.

"Referido programa permite a regularização de eventuais débitos fiscais advindos de ações tributárias com teses controversas, como no caso do Banco Alfa", informou o próprio banco.

O Alfa negociou dívida de R$ 19,7 milhões e, com parcelamento encurtado, obteve abatimento de metade do valor e pagou R$ R$ 9,7 milhões.

O Itaú Unibanco, que obteve um desconto de 57% na dívida de R$ 173 milhões com a Fazenda Nacional, disse que os débitos são fruto de interpretações diferentes na legislação tributária.

"O Itaú Unibanco informa que recolhe todos os tributos em dia e de acordo com o que determina a legislação. Há, no entanto, casos em discussão na esfera judicial, fruto de diferentes interpretações", disse o banco.

Outras empresas, como a JBS, ressaltam que os descontos foram definidos em lei. A empresa da família de Joesley Batista informou que a adesão não tem relação com o acordo de leniência firmado pela holding J&F.

A BR Distribuidora optou pelos "benefícios econômicos oferecidos [pelo Refis], ante as chances de êxito em processos". A companhia inscreveu débitos de PIS, Cofins, INSS e IPI, que totalizaram R$ 20 milhões.

A BRF enviou nota, distribuída a analistas, informando ter incluído no programa débitos de PIS, Cofins e CSLL e que parcelou em 145 vezes.

A Renault afirmou que não tem dívida com o fisco e que o valor incluído no Refis decorre de negociação referente a um processo judicial.

Petrobras, Santander, Braskem, Marfrig, Ambev, Safra, Volkswagen, Heineken, Amazonas, Bebidas Tatuzinho, Cervejaria Petrópolis e Usinas Itamarati não se manifestaram. A Folha não conseguiu contato com a Alimentos Zaeli e com o Banco Rural.

A estimativa do governo para a renúncia fiscal com o Refis era de R$ 35 bilhões, mas as adesões na categoria de descontos maiores (em menos vezes) já ultrapassaram esse patamar.

BANQUEIRO RECEBE MEGADESCONTO

O banqueiro André Esteves, um dos donos do BTG Pactual, aderiu ao Refis como pessoa física com uma dívida equiparável à do Grupo Pão de Açúcar.

Esteves não quis comentar. Segundo a Procuradoria da Fazenda, ele inscreveu débitos de R$ 91,9 milhões e comprometeu-se a pagar R$ 44,5 milhões em seis parcelas.

O Pão de Açúcar abateu 46,7% da dívida de R$ 92,3 milhões. Procurada, a varejista não havia respondido até a conclusão da edição.

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