Guerra comercial pode durar 20 anos, diz dono do grupo Alibaba

Homem mais rico da China diz que taxações dos EUA sobre produtos chineses afetarão seu negócio

Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados Você atingiu o limite de
por mês.

Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login

Lulu Yilun Chen
Hong Kong | Bloomberg

O bilionário Jack Ma fez um alerta sério a respeito da guerra comercial entre os EUA e a China: a disputa será mais longa e terá um impacto maior do que a maioria das pessoas pensa.

O homem mais rico da China disse que a disputa pode durar 20 anos e continuar após a presidência de Donald Trump devido à batalha das duas maiores potências econômicas do mundo pela supremacia global.

A China precisa fortalecer sua economia para lidar com o conflito e transferir suas relações comerciais com os EUA para regiões como o Sudeste Asiático e a África, disse o presidente do conselho da Alibaba Group em discurso, durante conferência da empresa para investidores, em Hangzhou, na China.

Presidente do grupo Alibaba, Jack Ma, caminha em frente a sua foto, durante conferência mundial de Inteligência Artificial em Shanghai, na China - AFP

“A curto prazo, as comunidades de negócios da China, dos EUA e da Europa terão problemas”, disse Ma, caminhando pelo palco vestido com uma camisa branca aberta e pontuando as observações com socos no ar. “Isso vai durar muito tempo. Se vocês querem uma solução de curto prazo, não há solução.”

Os comentários dele surgem horas depois de a China prometer retaliar o plano dos EUA de aplicar tarifas a cerca de US$ 200 bilhões em produtos chineses. Ma disse que a Alibaba também será afetada pela escalada das tensões, já que seu negócio no atacado permite que comerciantes americanos comprem produtos da China. Mas, para o empresário, o trauma oferecerá oportunidades sem precedentes para as empresas que forem capazes de aproveitá-las.

“Não devemos nos concentrar no lucro deste trimestre, do próximo trimestre ou do ano que vem. Esta é uma grande oportunidade”, disse. “Se a Alibaba não conseguir se manter e crescer, nenhuma empresa na China conseguirá crescer. Eu tenho 100 por cento de certeza disso.”

As declarações de Ma têm um peso especial porque ele é um ícone da inovação chinesa e é visto como um embaixador nos EUA. No ano passado, ele se reuniu com Trump e prometeu criar 1 milhão de empregos nos EUA até 2021.

Mas Ma, que anunciou há uma semana que pretende entregar a presidência do conselho ao CEO Daniel Zhang, não deixou dúvidas nesta terça-feira a respeito do seu apoio ao seu próprio país. Se os EUA insistirem em aplicar tarifas aos produtos chineses, a China deve transferir seus negócios para o resto do mundo, disse.

“Quando surgirem problemas, aprendam a se esconder, aprendam a se capacitar”, disse. “Acredito que Daniel e sua equipe terão sabedoria para lutar pelo futuro.”

O discurso de Ma ressaltou o vazio que ele deixará quando deixar o cargo, daqui a um ano. O solilóquio foi acentuado por comentários sobre tudo, desde estratégias geopolíticas até a importância da autoconsciência dos limites individuais.

Ma disse estar confiante para deixar a empresa nas mãos de Zhang em um momento em que o CEO reforça as ambições da Alibaba no ramo do comércio eletrônico, o chamado novo varejo e entretenimento.

Essas iniciativas ajudarão a sustentar o crescimento de 60% da receita no ano fiscal que termina em março, avanço revelado pela primeira vez em maio pela diretora financeira Maggie Wu. Esse tipo de crescimento provavelmente ajudará a Alibaba a ultrapassar seus pares globais, acrescentou.

Relacionadas