Ideia de ação militar na Venezuela é 'delírio', diz chanceler brasileiro

Crédito: Rodrigo Abd/Associated Press Mural de Simón Bolívar aparece em linha de produção parada de siderúrgica estatizada na Venezuela

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O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse nesta quinta-feira (4) à Folha que a ideia de realizar uma intervenção militar estrangeira na Venezuela para solucionar a crise é "pura e simplesmente um delírio".

O chanceler fez uma crítica dura à ideia e descartou a participação do Brasil em qualquer ação dessa natureza."Nem o surrealismo mais delirante poderia imaginar que o Conselho de Segurança das Nações Unidas, com a Rússia e a China, vai aprovar uma intervenção", afirmou.

Segundo o ministro, "por mais que esse cenário surrealista se concretize", não existe hipótese de o governo brasileiro enviar tropas para participar da ação.

Aloysio Nunes disse que o debate, iniciado em artigo do economista venezuelano Ricardo Hausmann , publicado pela Folha, beneficia o regime de Nicolás Maduro e prejudica a busca pelo fim da crise institucional no país.

"[O debate] só ajuda Maduro e os setores mais radicais e mais refratários a qualquer tipo de negociação no regime venezuelano."

O ministro criticou a proposta de Hausmann, que foi ministro do Planejamento em 1992 e 1993, no último mandato de Carlos Andrés Pérez. Hausmann, que hoje leciona na Universidade Harvard, assumiu o cargo 20 dias depois da tentativa de golpe comandada por Hugo Chávez contra o então presidente.

"É uma maravilha para essa gente [chavistas] que alguém, especialmente vindo do regime pré-Chávez, diga que é preciso mobilizar uma força militar para derrubar Maduro. É sopa no mel."

O chanceler se disse cético em relação às negociações para superar a crise na Venezuela, mas afirmou que haverá mudanças no país.

"Aquilo vai continuar, vai haver a deterioração. Pode durar mais ou menos tempo, mas não tenho dúvida de que haverá mudanças. E não será a partir da intervenção de uma força internacional."

Aloysio Nunes disse também que não há previsão de retorno do embaixador brasileiro a Caracas, depois que o governo venezuelano ordenou a expulsão do diplomata, em 23 de dezembro.

Em retaliação, o Brasil declarou persona non grata o encarregado de negócios da Venezuela, Gerardo Antonio Delgado Maldonado.

"Eles tomaram a iniciativa e nós tomamos a iniciativa recíproca. Continuamos com relação diplomática com a Venezuela, mas voltamos ao nível político anterior à ida do nosso embaixador."

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