Descrição de chapéu Eleições 2018

Polícia Federal apreende adesivos irregulares de Doria

Buscas por material sem CNPJ nem dados de gráfica ocorrem em 15 cidades; campanha diz ter suspendido distribuição

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São Paulo

Por ordem da Justiça Eleitoral, agentes da Polícia Federal fizeram uma operação de busca e apreensão de material irregular no comitê de campanha de João Doria na capital de São Paulo e em outros 14 endereços do PSDB no interior do estado.

Como antecipou a coluna Painel, da Folha, o material alvo da ação, na manhã desta sexta-feira (19), prega o voto Bolsodoria, isto é, a dobradinha Jair Bolsonaro (PSL) presidente e Doria governador.

Adesivo de campanha de Doria apreendido prega voto 'Bolsodoria' - Divulgação

Os adesivos são irregulares porque apócrifos, segundo a acusação feita pela campanha adversária, de Márcio França (PSB). Estavam sem os dados exigidos pela legislação eleitoral: o nome dos candidatos a vice nas chapas estadual e presidencial, o CNPJ da gráfica responsável pela confecção, a dimensão das peças e a tiragem.

A produção do material foi feita pela campanha de Doria, que tem acenado para o eleitorado de Bolsonaro, líder das pesquisas na disputa presidencial. O capitão reformado, no entanto, decidiu não declarar apoio ao tucano em São Paulo.

Na semana passada, Doria viajou ao Rio de Janeiro para um encontro com Bolsonaro, mas não foi recebido pelo deputado federal.

O candidato a governador confirmou a produção do material sem CNPJ, mas disse ser uma quantidade pequena.

"A Coligação Acelera São Paulo está organizando um grande adesivaço em todo o Estado de São Paulo para o sábado (20). Durante a semana, detectou que numa pequena fração dos impressos não havia a menção ao CNPJ. A distribuição desse lote foi suspensa. O material ficou retido na sede do comitê eleitoral”, afirmou Doria, em nota.

"A campanha está segura de que o material que distribui está perfeitamente adequado a todos os requisitos da legislação eleitoral."

A busca na capital paulista ocorreu no escritório de PSD e PSDB localizado no Edifício Joelma, no centro. O local foi usado por Geraldo Alckmin, o candidato à Presidência do PSDB no primeiro turno, mas agora está servindo de suporte à campanha de Doria.

Segundo o Painel apurou, os policiais levaram diversas amostras de propaganda do tucano. 
No início da tarde, a Justiça Eleitoral autorizou a busca em escritórios do PSDB em 14 cidades paulistas.

No novo despacho, o juiz, Afonso Celso da Silva, determinou operação em escritórios do PSDB em Jacareí, São José dos Campos, Mauá, São Manuel, Pindamonhangaba, Presidente Prudente, Franca, Peruíbe, Sorocaba, Suzano, Olímpia, Perderneiras, São José do Rio Preto e Praia Grande. ​

A campanha de Doria disse que a operação pelo interior foi infrutífera e não foi encontrado material irregular.

Em debate na TV Record, na hora do almoço, Márcio França afirmou que o material irregular configura uso de caixa dois na campanha, já que o gasto não teria sido declarado pela coligação tucana.

"Se eu fosse acreditar em tudo que estava no jornal... Por exemplo, agora estava vindo aqui e vi lá a Polícia Federal no seu comitê. Pegando coisas, pegando caixa dois, coisas erradas. Eu acho que você tem direito de se explicar”, afirmou o governador.

Segundo ele, as peças foram feitas "do jeitinho made in Doria, tudo escamoteado".

No debate, o ex-prefeito de São Paulo não respondeu. 

Na saída, Doria disse que o material pode ter sido produzido pela equipe do adversário na corrida eleitoral. 

"Pode ter vindo até do outro lado isso. Não sei. Não estou acusando", disse o tucano.

"Foram pacotes entregues lá [no comitê]. Não estou acusando, estou dizendo que é uma possibilidade. Não temos necessidade nenhuma de fazer 2.000 adesivos em condição irregular a essa altura do campeonato."

Doria disse que não sabia que existiam adesivos irregulares em seu comitê, mas que, apesar de a quantidade ser pequena, "não deveria ser feito".

O tucano ainda afirmou que orientou seu pessoal a não receber esse tipo de material.

França rebateu as insinuações. “Sabe aquela pessoa que faz uma coisa errada e fica apontando para o outro? Eles estão produzindo esse material como estão fazendo com tantas fake news”, afirmou.

A disputa em São Paulo está acirrada. Como mostrou nova pesquisa do Datafolha na quinta-feira (18), Doria lidera com 53% dos votos válidos. França tem 47%.

Para tentar se descolar, o tucano procura atrair o eleitor de Bolsonaro e associar o adversário à esquerda. França acusa Doria de ser traidor e sem palavra. 

Daniela Lima, Guilherme Seto , Thais Arbex e Thais Bilenky

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