É preciso parar de chamar matéria-prima de lixo, afirma ativista ambiental
Para Fernanda Cortez, a responsabilidade sobre o que é feito dos resíduos deve recair sobre sociedade, indústria e governo
Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
A ativista ambiental e apresentadora Fernanda Cortez estima ter deixado de usar mais de 1.600 copos de plástico em um ano ao adotar um único recipiente retrátil que carrega sempre consigo.
Era 2015 e Fernanda havia assistido ao documentário “Trashed - Para Onde Vai Nosso Lixo”, de 2012, no qual o ator britânico Jeremy Irons viaja pelo mundo apontando os efeitos do descarte de grandes quantidades de lixo no ambiente.
“Chamamos matéria-prima de lixo, e isso tem enorme impacto. Nós estamos transformando o planeta em um grande lixão a céu aberto”, disse a ativista, durante a abertura da terceira edição do fórum Economia Limpa, evento realizado pela Folha, em parceria com a Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio) e com o patrocínio da Novelis. O evento aconteceu na manhã desta segunda-feira (27) no teatro da Unibes Cultural, em São Paulo.
Para Fernanda, a responsabilidade sobre o que é feito do lixo deve recair sobre sociedade civil, indústria e governo.
“O lixo é resultado do nosso consumo, e isso tem a ver com o modelo de economia linear no qual estamos. Nós extraímos a matéria, beneficiamos, usamos e descartamos. Só pensamos até o consumo. Hoje, o pós-consumo acaba não sendo problema de ninguém”, disse.
A solução, segundo ela, seria a migração para a economia circular, modelo no qual a matéria que seria descartada volta para a cadeia produtiva por meio da reciclagem.
“Fazer essa mudança é necessário se quisermos continuar vivos. O planeta se reinventa, mas a nossa espécie corre risco com o que ela própria criou”, afirmou. “Em vez de regenerar a vida no planeta, destruímos. Nós podemos fazer melhor do que isso.”
A ativista também criticou, durante a sua fala, a bitributação que incide sobre os produtos feitos com materiais recicláveis. “O pensamento e a legislação ainda estão desconectados do que precisamos para inserir novamente na cadeia todo esse material que hoje é considerado lixo”, disse.
Memória
Durante a abertura do fórum, o presidente-executivo da Abralatas, Renault Castro, prestou uma homenagem ao jornalista Otavio Frias Filho, morto na terça (21). “Otavio foi um jornalista marcante para a trajetória da imprensa nacional e também para a história do país”, afirmou.
Otavio tinha 61 anos e foi vítima de um câncer originado no pâncreas. Durante 34 anos, ele ocupou o cargo de diretor de Redação da Folha, período em que o jornal se tornou o maior e mais influente do Brasil. Foi mentor do Projeto Folha, que modernizou o jornalismo brasileiro na década de 1980.