Tradição do Corpus Christi em Santana de Parnaíba completa 50 anos

Cidade na Grande SP conhecida pelos tapetes coloridos espera chegada de 50 mil turistas

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Mariana Janjacomo
São Paulo

Todos os anos, desenhos chamativos transformam o quadrilátero de ruas ao redor da Igreja Matriz de Santa Ana, em Santana de Parnaíba. São 850 metros de tapete com imagens que retratam temas ligados à comunidade e ao catolicismo.

Por este caminho passa a tradicional procissão de fiéis do Corpus Christi, que nesta quinta (31) comemora 50 anos. No ano passado, a festa religiosa levou 50 mil pessoas às ruas da cidade. O público corresponde a quase metade da população total do município. 

Para compor o tapete, são necessárias mais de 50 toneladas de serragem colorida, arranjadas no asfalto por um grupo de cerca de mil voluntários. O processo todo dura cerca de quatro horas e acontece no próprio dia. 

“Damos esse tempo para conseguir cuidar de todos os detalhes e deixar tudo bem caprichado”, explica o artista plástico Alcides Soares Maia, 65, coordenador da atividade. 

Desde 2003, ele é o responsável por idealizar os desenhos do tapete. Para evitar que as imagens se repitam, ele se inspira nos temas definidos anualmente pela igreja católica. Neste ano, será a superação da violência, tema da Campanha da Fraternidade. 

No total, são 60 desenhos feitos em papel, com símbolos como o cordeiro pascal, a pomba da paz e representações do papa Francisco. 

As ilustrações são riscadas com giz no asfalto. Depois, preenchidas com a serragem. “Se alguém errar, é fácil corrigir com a vassoura ou com as mãos”, diz o artista.  

Depois da festa, cabe à prefeitura da cidade passar pelas ruas com um caminhão de limpeza, para recolher a serragem e lavar as vias. 

“O costume vem da comunidade, que fazia tapetes no Corpus Christi há bastante tempo, mas sem organização” lembra Maia. 

Ele explica que as imagens reproduzidas chegavam a incluir até mesmo atletas e ídolos brasileiros, lembrando pouco os motivos religiosos. Por volta da década de 1990, a igreja católica passou a coordenar o evento.

Há 16 anos, o auxiliar de prótese dentária Elias Vitalino de Souza, 50, participa da atividade e envolve a família toda. “Levo meus sobrinhos, filhos. Já levei uma neta de três anos.”

A Secretaria de Turismo e Cultura da cidade disponibiliza a serragem, mas os voluntários podem levar outros materiais como pipoca, pó de café ou algodão. 

Nas ruas, haverá também uma feira de artesanato e gastronomia com 50 expositores. 

As três missas do dia serão celebradas na praça Quatorze de Novembro, ao lado da Igreja Matriz, fechada devido a reformas que devem durar até novembro. 

A procissão acontecerá depois da última missa, na parte da tarde.

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