Restaurantes de Campos do Jordão levam produtos da horta para a mesa

Cervejarias locais também ganham espaço na cidade, onde até o lúpulo já é cultivado

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Luiz Antônio del Tedesco
Campos do Jordão

A gastronomia regional, aliada ao ambiente campestre, tem atraído muitos turistas a Campos do Jordão.

Doces de leite, de abóbora e ambrosia, com fatias de queijo meia-cura, são sobremesas do restaurante Dona Chica  - Divulgação

Dentro do Horto Florestal encontra-se um dos mais charmosos restaurantes da região, o Dona Chica.
Anderson Cesar Oliveira, o chef, disputou e conquistou a concessão do restaurante há cinco anos.

Resolveu homenagear sua bisavó, dona Chica, ao nomear o local.

Ali, parece que o tempo parou. Enquanto esperam pela hora de ir à mesa, pais e filhos se divertem no jardim com brinquedos, às margens de um regato, onde não há recreadores. Os pais é que devem participar.

A ideia gastronômica, diz o chef Oliveira, é buscar o alimento zero quilômetro, ou seja, produzido localmente. Juá-de-capote (fruta conhecida como physalis), tomate de árvore e pera dura são alguns dos ingredientes que ele consumia quando criança e que acabaram por se tornar iguarias do mundo gastronômico. Hoje, tudo faz parte do cardápio do Dona Chica.

Na cidade, o chef Thiago Fegies comanda o Sans Souci, misto de bistrô, café e restaurante. Criado em 2015 onde desde 2011 funcionava apenas a cafeteria, a casa adotou a filosofia do slow food, e Fegies varia semanalmente o cardápio, conforme a produção de sua horta própria.

Uma boa pedida para aproveitar o savoir-faire do chef é pedir o menu degustação, que deve ser encomendado com um dia de antecedência.

Na área rural, um local interessante é o misto de fazenda, vinícola e restaurante Entre Vilas, localizado já na cidade de São Bento do Sapucaí.

Ali, o proprietário, o agrônomo Rodrigo Veraldi, cultiva vários tipos de frutas —framboesa, amora, mirtilo— e produz cerca de 2.500 garrafas de vinho por ano, principalmente com as uvas pinot noir, cabernet franc e shiraz.

Faça uma visita e peça para ele contar como desenvolveu quase que casualmente uma variedade de lúpulo, ingrediente que dá o amargor à cerveja e, no Brasil, é todo importado. O restaurante só abre aos finais de semana e feriados.

E, se o Entre Vilas conseguiu produzir o lúpulo, há quem ali por perto do restaurante possa consumi-lo. Há pelo menos 14 cervejarias produzindo a bebida na região.

Colada ao Horto Florestal está a cervejaria Gard, que produz apenas mil litros por mês. São 12 tipos, como bock, pilsen, dubbel e weiss. A produção muda a cada três semanas. Uma das atrações é a RIS (russian imperial stout), que vale a pena provar.

A caminho da cidade, no bairro com o sugestivo nome de Descansópolis, fica a Caras de Malte, que tem uma produção mensal de 7.000 litros. O local é também um restaurante.

Algumas das cervejas são sazonais, mas na degustação são oferecidos seis tipos cuja produção é ininterrupta. Uma das sugestões do cervejeiro Maurício Lourenço é a Asteróide, uma belgian dark strong ale, cerveja de inverno com IBU (amargor) 20 e 8,5% de teor alcoólico.

Plantação de lavanda perto do Pico do Itapeva, de onde se avista grande parte das cidades do Vale do Paraíba - Divulgação

Para completar o percurso turístico em Campos do Jordão, vale conhecer o lavandário instalado a quase 2.000 metros de altitude, perto do pico do Itapeva.

 
No início deste ano, uma parte dos 10 mil pés de lavanda, que ocupam uma área de 20 mil m², foi destruída por uma forte chuva de granizo. Mas tudo foi replantado e já está florindo.

O local merece uma visita, mesmo para quem não é chegado em flores. Dali do alto, avista-se grande parte das cidades do Vale do Paraíba.
 

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