São Paulo recebeu em 2018 uma boa quantidade de shows gringos. De gente jovem (Harry Styles ), de gente esquisita (Deerhunter), de popstar (Shakira ), de veteranos (Roger Waters ). Mas nada foi mais impactante do que as apresentações do australiano Nick Cave e dos ingleses do Radiohead.
Cave já foi casado com uma brasileira e morou por um tempo em São Paulo, nos anos 1990. Em outubro, aos 61 anos, dentro da série Popload Gig, mostrou aos paulistanos que envelhecer pode até fazer bem. Seu show é uma espécie de ritual em que, por mais de duas horas, o cantor comanda um séquito de apaixonados por meio de letras confessionais e emocionantes.
Alguns momentos foram especialmente tocantes, como a balada "Into Your Arms", que tem um dos melhores primeiros versos da música pop: "Eu não acredito em um deus intervencionista/ Mas eu sei, querida, que você acredita/ Se eu acreditasse/ Eu me ajoelharia e pediria para ele/ Não intervir em você".
Não menos impressionante foi o que o Radiohead fez em abril, para um público de 30 mil pessoas, no Allianz Parque. A banda constrói um clima ao mesmo tempo etéreo, delicadamente confuso, barulhento, cativantemente intimista. Alguns hits não entraram, mas a beleza de "Weird Fishes/Arpeggi" e de "There There" valem por um show inteiro.
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SHOWS PARA VER EM 2019
Courtney Barnett
Australiana que toca inspirada por Kurt Cobain e compõe seguindo os ensinamentos de Bob Dylan, Courtney Barnett retorna a São Paulo em fevereiro, com show no Fabrique.
Lauryn Hill
Dona de um dos melhores discos da história do r&b e do rap ("The Miseducation of Lauryn Hill", 1998), a cantora se apresenta em maio no Espaço das Américas.
Paul McCartney
Já perdemos a conta de quantas vezes Paul McCartney veio ao Brasil. Ele volta em março para dois shows no Allianz Parque.
Kamasi Washington
O jazz é dia sim, dia não, tido como um gênero em coma, praticamente morto. Mas músicos como Kamasi Washington teimam em trazê-lo para o século 21, incorporando elementos de gêneros como r&b, rap e soul. O saxofonista poderá ser visto em março, na Audio.
Lollapalooza
O festival, que será realizado por três dias em abril, deve fazer com que uma multidão vá ao autódromo de Interlagos para ver Arctic Monkeys, St. Vincent, The 1975, Interpol e, é claro, Kendrick Lamar.
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QUEM BRILHOU
Cantoras feministas
O feminismo engajado transbordou para álbuns e shows. Artistas como Maria Beraldo, Ava Rocha, Ana Cañas, Karol Conka e a dupla Anavitória deram novos e líricos contornos às demandas das mulheres.
Back to black
Beyoncé e Jay-Z ocuparam o Museu do Louvre no vídeo de "Apeshit". "This Is America", de Childish Gambino, colocou sob perspectiva o racismo nos EUA, mote também para Janelle Monáe em "Dirty Computer".
Anitta
A cantora foi indicada pela primeira vez ao Grammy Latino –não levou, mas ampliou sua projeção internacional. Lançou cinco videoclipes, estrelou série na Netflix e chegou a 3 bilhões de visualizações no YouTube.
Sertanejo conservador
Festas, carrões e... Porte de armas. 2018 será lembrado como o ano em que artistas de ponta do sertanejo assumiram a relação com o conservadorismo. Destaque para Zé Neto & Cristiano e Gusttavo Lima.
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QUEM BRILHARÁ
Nova onda latina
Os colombianos J Balvin e Maluma (reggaeton), a espanhola Rosalía (unindo rhythm and blues, pop e flamenco) e a cubano-americana Camila Cabello, com uma versão latinizada do pop-rap americano; preste atenção neles.
Luedji Luna e Luiza Lian
Pródigo em revelar vozes femininas, o novo rock viu consolidarem-se em 2018 duas promessas: a soteropolitana Luedji Luna e a paulistana Luiza Lian. A seus modos, ambas resgatam e renovam raízes nacionais.
Baco Exu do Blues
O rapper baiano de 22 anos bebe do blues em letras sobre autoafirmação. Seu segundo álbum, "Bluesman", gerou um hype tremendo: o jovem até trocou mensagens com Beyoncé, com quem pode pintar parceria.
Greta Van Fleet
Se o rock n' roll ainda tem esperanças de sobreviver, uma delas atende pelo nome do jovem quarteto americano. Fundado por três irmãos, o grupo de hard rock se apresenta no Brasil durante o festival Lollapalooza.