O Comitê Olímpico Internacional (COI) garantiu nesta sexta-feira às delegações que irão viajar ao Rio de Janeiro em agosto para a Olimpíada que o evento estará seguro em relação ao vírus Zika, mas fez um apelo aos visitantes a se protegerem enquanto estiverem na região.
O COI ofereceu aconselhamento para minimizar o risco de infecção do vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, e disse que os viajantes com destino ao Brasil devem consultar as agências de saúde de seus países.
Entre as recomendações está o uso de repelente de mosquito e camisas e calças de manga comprida. As mulheres com suspeita de gravidez foram incentivadas a discutir a viagem com seus planos de saúde.
"O COI está em contato constante com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para ter certeza de que temos acesso às informações e orientações mais atualizadas, deste momento até a data dos Jogos", declarou a comissão médica da entidade.
"Ao mesmo tempo, os Comitês Olímpicos Nacionais (NOCs, na sigla em inglês) deveriam consultar as autoridades de saúde de seus países para receberem conselhos e orientação", afirmou em uma nota para as NOCs e as federações esportivas internacionais.
O vírus Zika, que está se espalhando rapidamente por toda a América do Sul e Central, foi clinicamente relacionado a uma má formação cerebral conhecida como microcefalia.
O vírus, que é primo próximo da dengue e da febre chikungunya, causa febre moderada, erupção cutânea e vermelhidão nos olhos. Estimadas 80% das pessoas infectadas não exibem sintomas, o que torna difícil para as grávidas saberem se foram contaminadas. Não existe vacina ou tratamento disponível para o Zika.
A maior parte do esforço contra a doença se concentra na proteção das pessoas contra as picadas de mosquito e à redução das populações do inseto.
O avanço do zika levou a OMS a prever que até 4 milhões de pessoas poderão ser atingidas pelo vírus nas Américas neste ano, sendo 1,5 milhão somente no Brasil.
A estimativa foi divulgada nesta quinta (28) pela entidade, que também alertou para a "maneira explosiva" de propagação do zika e anunciou a convocação de um comitê de emergência para avaliar se a situação se constitui como "urgência de saúde pública de nível internacional".
Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e com epicentro no Brasil, o zika é apontado como possível causa de 3.448 casos suspeitos de microcefalia (má-formação cerebral) em bebês no país e de outros 270 confirmados.
Na semana passada, em evento em São Paulo, o comitê organizador Rio-2016 disse estar preocupado com o zika durante os Jogos. Para isso, o diretor executivo de comunicações Mário Andrada explicou que agentes já estão atuando para minimizar os riscos, inspecionando áreas com obras olímpicas para acabar com o criadouro do mosquito Aedes Aegypti.
Ainda segundo o diretor do comitê, o fato de os Jogos de 2016 serem no inverno brasileiro (de 5 a 21 de agosto) é favorável por ser um período com menos possibilidade de chuvas e temperaturas mais amenas no Rio, fatores opostos aos que ajudam a proliferação do mosquito.
COB
Segundo o COB (Comitê Olímpico do Brasil), os cuidados com o zika são análogos aos cuidados das outras doenças transmitidas pelo mesmo vetor.
"O COB incentiva aos atletas a colaborarem com as medidas de saúde pública, além de orientar ao uso de repelente para as modalidades que apresentam risco. A entidade informou aos médicos das confederações as necessidades de os atletas conhecerem os sintomas típicos e do relato no caso de suspeita", diz a entidade em nota enviada à Folha.
BRITÂNICOS
Para a BOA (sigla em inglês para Associação Olímpica Britânica), as preocupações com o zika já começaram.
"Não temos prioridade maior do que a segurança e a saúde dos nossos atletas e da delegação. À luz da crescente epidemia do vírus zika, seguiremos os conselhos médicos de viagem ao Brasil para fins de treinamento e competição".
Ainda segundo a entidade que gere o esporte no Reino Unido, a equipe médica já está em contato com especialistas da área em busca de mais informações sobre estratégias de prevenção em relação ao mosquito transmissor.
"Estas informações serão continuamente revisadas, atualizadas e compartilhadas antes da partida para os Jogos Olímpicos, em conjunto com equipes médicas de cada esporte. Vamos acompanhar a situação no Rio durante os próximos meses, mantendo contato estreito com o comitê organizador e o COI".
PARAOLÍMPICOS
O IPC (Comitê Olímpico Internacional) também disse que vai seguir as recomendações da OMS.
"Vamos fazer todos os esforços possíveis para que nossos membros estejam informados sobre o assunto. No entanto, este não é um problema exclusivo do Rio, pois é uma possível pandemia em um continente inteiro", destacou a entidade em nota à Folha.