Quem já prestou vestibular conhece bem a dica dos professores.
Na véspera da prova, relaxe, pense em outra coisa. O que fará diferença é o que você estudou durante o ano todo, não o que viu com pressa em cima da hora.
Até quem desobedece o conselho e vara a noite estudando sabe que não é o esforço desesperado no final que te colocará na universidade.
A busca por uma medalha olímpica é um processo parecido. Faltam cem dias para os Jogos do Rio e, em pouco mais de três meses, nenhum medalhista será fabricado. Eles já estão aí. O que fará mesmo diferença é o que construíram nos últimos quatro anos.
Se nos apegarmos aos números, o Brasil tem, sim, chance de atingir a meta do COB (Comitê Olímpico Brasileiro): figurar entre os dez primeiros do quadro de medalhas pelo total de pódios. A conta inicial apontava de 27 a 30 conquistas, mas agora a entidade prefere não cravar mais um número específico.
Ricardo Borges/Folhapress | ||
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Chegar a 30 será complicado. Os resultados oscilaram durante o ciclo olímpico. No ano passado, os brasileiros ganharam 16 medalhas em Mundiais ou disputas equivalentes de provas olímpicas.
Foi a pior temporada desde Londres. Uma combinação de queda de rendimento de atletas, lesões e mudanças nas estratégias de preparação de algumas modalidades por já terem vagas certas no evento.
Por outro lado, em todo o ciclo, foram 67 pódios, contra 40 obtidos entre as Olimpíadas de 2008 e 2012.
Um bom sinal é o aumento de modalidades com resultados expressivos em nível mundial: 15.
Quanto mais atletas competindo em alto nível, maiores as chances de medalhas. Não precisa ser um especialista em esporte para entender a conta, mas essa sempre foi uma matemática difícil para o Brasil. O país tem tradição em poucos esportes, e alguns deles não distribuem grande número de medalhas, como o vôlei.
O maior aporte de verba nos últimos anos, principalmente federal, foi essencial para ampliação desse leque.
Na avaliação do COB, minimizados os problemas de lesão do ano passado, a delegação brasileira está hoje mais próxima do cenário que viveu em 2013 –com 27 medalhas em Mundiais ou equivalentes– do que da queda de 2015.
Mas faltam cem dias. Não é mais possível inventar a roda, mas dá para lapidar o que foi feito, prevenir lesões para evitar um adeus precoce aos Jogos e preparar a cabeça.
Nenhum atleta brasileiro sabe o que esperar dessa experiência inédita. Quanto mais perto, maior a ansiedade. Competir em casa, diante da torcida, pode ser a diferença entre o pódio, a meta ou nada.
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