Publicidade
Publicidade

Obra na Vila Autódromo deve acabar a duas semanas da Rio-16

A última obra no coração dos Jogos do Rio tem conclusão prevista para 22 de julho, somente duas semanas antes da cerimônia de abertura.

Nesta data devem ser entregues as chaves das casas a 20 famílias que resistiram à desocupação da Vila Autódromo, comunidade a 200 m de uma das entradas do Parque Olímpico da Barra.

Marcel Merguizo - 1º.jan.2013/Folhapress
Obras na Vila Autodromo, ao lado do Parque Olimpico da Barra da Tijuca, no Rio. (Foto: Marcel Merguizo/Folhapress)
Obras na Vila Autódromo, ao lado do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, no Rio

No local, 20 moradias (de 56 m²) ainda estão em construção. Metade tem só as paredes, sem acabamento.

E até 31 de julho Sandra Regina, 53, deixará a casa número 13 onde mora há 21 anos e se mudar com marido (Carlos Augusto) e filhos (Allan e Wanderson) para a nova residência, a poucos metros da que será demolida pela prefeitura, como ocorreu com a de outras quase 800 famílias.

"Estou pouco me lixando para a Olimpíada. Vou levar minhas coisas sem a menor pressa", diz a dona de casa.

As casas que ficaram em pé, como a de Sandra, têm bandeiras do Brasil, em protesto, e pichações em alusão à luta que dura desde 2013.

À época, a prefeitura anunciou que 275 famílias teriam de ser removidas, por estarem às margens da lagoa de Jacarepaguá ou por estarem no local onde seria erguida a via de acesso ao Parque Olímpico —onde hoje será implementada a reurbanização.

Foram apresentadas duas opções: indenização ou mudar para um condomínio do Morar Carioca, espécie de Minha Casa Minha Vida do município, a 1,5 km da vila.

Durante o processo, moradores que não estavam na área de influência do projeto foram incluídos no processo de reassentamento. A prefeitura alegou que 531 das 549 famílias que não pertenciam à área a ser removida entraram, a pedido, no programa. As casas dessas pessoas também foram derrubadas.

"O receio era deixar a comunidade. As casas de pé são uma segurança. Ao menos conseguimos que respeitasse nosso direito de ficar aqui", diz Maria da Penha Macena.

Ela vive, atualmente, com o marido em um contêiner enquanto a mãe e a filha moram em outro, ao lado. Mais famílias estão em outros sete.

Na quarta (6), Maria da Penha foi condecorada na UFRJ como símbolo da luta de resistência da comunidade. A demolição de sua casa ocorreu em março, amparada em uma decisão judicial.

Os moradores da Vila Autódromo têm títulos de posse emitidos em governos nos anos 1980 e 1990. Em 2005, projeto de lei transformou o local em área de interesse social, o que garantiria a permanência da comunidade. O Rio foi eleito sede olímpica em 2009. Sete anos depois, os moradores vão celebrar. A construção das casas custará R$ 3 milhões ao município.

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade