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Nuzman é o convidado da sabatina olímpica da Folha nesta terça

Advogado, carioca e ex-jogador de vôlei, Carlos Arthur Nuzman é presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) desde 1995 e do comitê organizador dos Jogos do Rio desde que a cidade foi eleita como sede, em 2009. Ele também foi presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) de 1975 até assumir o COB. Antes, como atleta, disputou os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964.

Essa escalada ao comando do esporte nacional começou em 1979, quando foi indicado pelo então presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), Hélio Brabo, a candidato de oposição à presidência do COB –na época presidido pelo major Sylvio de Magalhães Padilha.

Na sede da confederação de vôlei, os dirigentes do atletismo, da esgrima, do basquete, da ginástica, do remo, do tiro ao alvo, do judô, da natação e da vela e motor apoiaram a indicação de Nuzman em uma "reunião informal".

No fim dos anos 1970 já havia relatos de que Nuzman tinha planos para o Brasil ser sede de uma edição dos Jogos Olímpicos. À época, o major Padilha era contra.

Foi sob a presidência de Nuzman no COB que o Brasil conquistou o direito de organizar os Jogos Pan-Americanos de 2007 e a Olimpíada de 2016, ambos megaeventos no Rio. Algo que ele mesmo dizia não acreditar, em 1999, em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura.

"Cada vez em que se fala em candidatura dentro do esporte, eu fico muito preocupado. E estou cansado de dizer de uma maneira muito desprendida: nós não temos instalações esportivas", disse Nuzman, para depois ressaltar que seria ainda mais difícil acumular uma sequência dessas aliada à Copa do Mundo no Brasil.

"Dificilmente a comunidade esportiva internacional vai dar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada ou Pan-Americano ao mesmo país. Acho muito difícil. Não estou falando de Estados Unidos, que têm outras condições, que teve [em] 1994 e 1996 as Olimpíadas. Mas de outros você vê, a própria derrota de Paris para Barcelona, ela teve em função da Copa do Mundo que ela ia realizar", analisou na TV Cultura, em 1999.

A vitória da candidatura brasileira dez anos depois, na Dinamarca, foi comemorada junto com o então presidente Lula, a quem dirigiu estas palavras: "O país lembrará do senhor. Eu estive em Brasília e falei que o senhor me ajudou: 'você é o presidente que fez mais pelo esporte e com certeza fará mais'. Não é fácil dizer que os Jogos serão lindos e ouvir: 'será lindo, mas como vamos organizar?' Mas tivemos todo o apoio e gostaria de concluir que fizemos o projeto do Pan-Americano para vencermos hoje", comemorou Nuzman, que na época dizia ter aprendido com as derrotas das candidaturas anteriores do Brasil, em 2004 e 2012.

Li Muzi - 26.out.2015/Xinhua
Carlos Arthur Nuzman discursa na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 2015
Carlos Arthur Nuzman discursa na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 2015

SABATINA

Aos 74 anos, o presidente do COB e do comitê Rio-2016 participa nesta terça-feira (29), às 15h, de sabatina olímpica promovida pela Folha. O evento acontece na sede do jornal (alameda Barão de Limeira, 425, 9º andar, Campos Elíseos, São Paulo-SP).

A Folha iniciou em agosto de 2015 uma série de sabatinas que tem a Olimpíada como tema. Esses eventos -uma sabatina a cada mês- vão se estender até o início dos Jogos Olímpicos, no dia 5 de agosto.

Para acompanhar a sabatina, é preciso se inscrever pelo site Folha Eventos (eventos.folha.uol.com.br). Nuzman será sabatinado pelo repórter Paulo Roberto Conde e pelo colunista Edgard Alves, ambos da Folha.

"Acho prazeroso mandar", disse Nuzman à revista Veja em dezembro de 2012. "Sem querer ser arrogante nem melhor ou pior do que ninguém, é preciso lembrar que não havia e não há ninguém tão preparado para esse cargo como eu", afirmou no ano que foi reeleito para mais quatro anos de mandato no COB.

Se ele conseguir a quinta reeleição depois da Olimpíada do Rio, superará João Havelange como o mais longevo cartola brasileiro em cargos de comando no esporte. Havelange presidiu a CBD (Confederação Brasileira de Desportos, antiga CBF) e a Fifa, somando 42 anos. Apesar de prolongar-se no poder, Nuzman ainda está longe do dirigente com mais tempo na presidência do COB. Sylvio de Magalhães Padilha comandou a entidade por 27 anos (de 1963 até 1991).

"Vejo algumas pessoas, não muitas, que podem até vir a me suceder. É difícil. Não sou insubstituível, mas tenho um perfil único. Ficar depois da Olimpíada é uma opção, sim. O projeto de lei que limita o tempo nessa função que ocupo não seria um impedimento para isso. Ele valeria justamente a partir de 2016, e por dois mandatos. Seria possível, portanto, permanecer no cargo até 2024", completou à revista em 2012.

Nesta última eleição, o único voto de oposição a Nuzman foi dado pelo presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), Eric Maleson. Ele denunciou operações bancárias suspeitas do COB e a tentativa do comitê de forçá-lo a contratar profissionais indicados pela entidade. A eleição ocorreu duas semanas depois de o Comitê Rio-2016, que também é presidido por Nuzman, demitir nove funcionários. Eles foram acusados de furto de documentos dos organizadores dos Jogos de Londres, encerrados em agosto.

"Não tem nenhum inconveniente presidir as duas entidades", costuma repetir Nuzman. Esse acúmulo de cargos nunca aconteceu em outros Jogos Olímpicos.

Apesar da permanência à frente do esporte nacional por tanto tempo, Nuzman acredita que não é papel do COB formar atletas para o país.

"O COB não tem atletas, não forma atletas. Não somos os responsáveis pelos resultados das confederações. Eu não tenho como entrar em uma confederação e dizer o que tem que fazer. O vôlei não veio para Cingapura [Jogos Olímpicos da Juventude, em 200] por uma decisão da confederação. Eu topo o seguinte desafio: acaba com as confederações e eu dirijo tudo, mas não acho justo me cobrarem por um trabalho que não é meu", disse à Folha em agosto de 2010.

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