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Projeto Editorial 1985-1986, Julho de 1985

Investimento e qualidade

A informação completa, exata e de preferência inédita; o texto correto, conciso e crítico. Esta continua sendo a exigência com relação ao trabalho de reportagem.

O Manual Geral de Redação tem sido um instrumento importante no sentido de divulgar as expectativas em torno da produção do jornalismo na Folha e de homogeneizar os resultados obtidos. Ainda este ano deverá entrar em vigor a segunda edição do Manual, enriquecida com críticas e acréscimos reunidos por uma comissão de jornalistas da Folha que se vem dedicando já faz quatro meses a essa tarefa.

Mas é importante assinalar, desde logo, que se a batalha pela exatidão continua sendo a grande prioridade na área, devemos estimular esforços no sentido de desenvolver uma atitude cada vez mais cética por parte de reportagem em face dos fatos e das fontes. Fazemos ainda uma quantidade excessiva de reportagens baseadas apenas em declaração oficiais ou em material impressionístico, colhido aleatoriamente pelo repórter. Precisamos de menos declarações e de mais fatos comprovados; de menos listas de impressões e de mais levantamentos - apoiados em dados e estatísticas, sempre que possível - capazes de transmitir ao leitor um quadro geral e preciso do que está sendo tratado. Precisamos aumentar a inventividade das pautas e melhorar as ligações entre sucursais, correspondentes, Agências Folhas e Redação - um dos vários problemas estruturais que não conseguimos resolver.

A edição deve alcançar um padrão de acabamento que ela não atingiu até agora. É preciso que haja, no nível da edição, uma maior unidade de estilo e critérios técnicos melhor definidos. Faltam também uma atitude mais perfeccionista em relação ao aproveitamento do material produzido. Não podemos utilizar as pressões do horário e as dificuldades na antecipação do que será de fato escrito para justificar as falhas. Como profissionais de primeira linha que somos (e que pretendemos, cada vez mais, ser) sabemos que ao leitor isso não interessa - ele tem direito a um produto excelente, porque paga por isso e porque nós somos pagos para isso.

O desafio profissional na Folha consiste justamente em fazer um jornalismo melhor do que os demais sob condições estruturais que são, em parte, inferiores às de algumas das demais publicações. Além de uma atitude rigorosa e intransigente com relação à qualidade, os responsáveis pela edição devem influenciar ativamente as pautas, acompanhar seu desenvolvimento, imprimir a personalidade do Projeto às edições e publicar tudo, mas sob um prisma seletivo. O objetivo é fazer um jornal sem sobras de informações, mas onde os editores tenham a audácia de apostar em alguns temas e apenas registrar corretamente os outros.

Dois dos problemas cruciais que o jornal vem enfrentando são a rede de informações localizada fora da sede e das grandes sucursais, pelo lado da produção, e a estrutura do Banco de Dados, pelo lado da edição. Ambos os problemas foram elevados à categoria prioritária no período 1985-1986.

A empresa tem investido corajosamente na formação de um quadro de jornalistas de alto nível e com a ambição de levar o jornalismo brasileiro a um patamar técnico e editorial superior. A Folha para hoje os melhores salários da imprensa diária do país e tem realizado promoções salariais com base na avaliação do desempenho de cada profissional que já beneficiaram, de maio de 1984 a junho de 1985, 46% das pessoas que trabalham na Agência e na Redação. É fundamental que nós continuemos dando uma resposta positiva a essa política de investimento, sob a forma de um desenvolvimento rápido e firme da qualidade do produto que estamos fazendo. Essa resposta é a única capaz de assegurar uma política desse tipo, mostrando que ela é correta do ponto de vista empresarial e necessária do ponto de vista jornalístico.

Leia também:

Outros projetos
1981 - A Folha e alguns passos que é preciso dar
1984 - A Folha depois da campanha diretas-já
1985 - Novos rumos
1986 - A Folha em busca da excelência
1988 - A hora das reformas
1997 - Caos da informação exige jornalismo mais seletivo, qualificado e didático

 

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