Envie sua opinião

GD - Jornalismo Comunitário

capital humano

Apenas 40,5% das escolas estaduais com ciclo de 1ª a 4ª atingem metas do governo de SP


GD- Jornalismo Comunitário

mais são paulo

Guia de banheiros ajuda paulistano a driblar aperto


 

Carta CBN


Oscar Freire
“Seu comentário sobre a reforma da calçada da rua Oscar Freire foi muito oportuno. Acho que outras ruas seriam bem mais agradáveis se o exemplo fosse seguido. Quero, porém, ressaltar alguns fatos com relação a essa rua, dado que moro muito perto dela e costumo freqüenta-la bastante. Numa nova oportunidade, esse assunto poderia ser discutido no ar.

O calçamento custou muito caro, o valor foi veiculado na época da reforma, mas já há várias pedras rachadas. Mesmo sendo uma rua que foi destinada a pedestres, não há sinais de trânsito para eles.

Sendo sempre o tráfego de carros prioritário em qualquer esquina, os motoristas quase passam em cima dos pedestres que estão atravessando as ruas transversais (claro que isso é em toda a cidade, mais um ponto a ser discutido). Nem na rua Augusta, a mais importante e movimentada da região, existe sinal para que os pedestres atravessem sem perigo.”
Maria Tereza Murray – terezamurray@hotmail.com



Aluguel de Cães

“Sou protetora independente em São Paulo. Conheço muita gente de ONGs, listas de discussões, simpatizantes da causa e muitos, mas muitos mesmo, seres "humanos" sem a menor deferência para com os animais. Acredito ser nossa obrigação de seres "conscientes" colocar-nos no lugar dos outros seres que habitam este planeta, sejam eles animais, vegetais ou mesmo outros seres humanos.

Essa experiência também acontece em São Paulo com o aluguel de cães para guarda e não é novidade. A questão é que não se considera de modo algum o sofrimento alheio. Por que não colocar, em vez do cão, a criança que espera adoção e vai de lar temporário para lar temporário, até acabar num abrigo à espera da maioridade? Será que não há sofrimento?

No caso especifico dos cães, eles são adestrados e, aparentemente, não têm sentimentos além do amor "incondicional" - e continuamos acreditando que amor é descartável e "alugável". Mas ninguém quer ver o que acontece quando o animal "não serve mais": desde atropelamentos e abusos de todo tipo até a simples morte por deixar o animal amarrado em algum parque público. Tenho muitas fotos que ilustram o que eu digo - mas ninguém quer vê-las.

Sou totalmente contra essa prática, pois vejo muitos cães que sofrem de depressão e solidão, mesmo porque o cão é um animal que gosta de viver em grupo e trata o ser humano como um "igual", mesmo que para nós essa idéia seja inconcebível. Basta ler um pouco sobre psicologia e comportamento animal.

É claro que deve funcionar bem nos EUA, onde tudo está à venda, e São Paulo não deixa de seguir as tendências da moda. Mas há muita coisa a fazer na cidade antes de olharmos com o devido respeito aos demais, de qualquer espécie.”
Gabriela V. Nemirovsky - gabinemi@yahoo.com


Segurança
“Gostaria de deixar registrado que os próprios policiais instruem as pessoas a não fazer BOs quando não há vítimas ou grandes prejuízos. Vou relatar duas situações minhas:

1 - Há alguns anos, tive meu apartamento assaltado, com minha família presente. Por sorte, nada de grande valor foi levado. Ao chamarmos a polícia, eles nos instruíram a não fazer BO, já que nada de grande valor tinha sido levado.

2 - Há um mês, estava dirigindo em uma avenida e, de repente, uma pedra foi arremessada em meu vidro lateral traseiro (por sorte, a pedra não me atingiu na cabeça). Ao parar o carro junto a uma viatura de polícia que estava de guarda nas proximidades, descrevi o ocorrido aos policiais - que, mais uma vez, disseram que não era necessário fazer o BO, pois eles já estavam na busca do "meliante". Fiquei indignada e já ia me dirigir a uma delegacia de qualquer maneira quando outros policiais apareceram com o indivíduo e fomos todos para lá.

Foi então que entendi a provável razão pela qual os policiais dão a instrução de não registrar o BO: burocracia. Levam-se horas para fazer um simples BO. E há a agravante de os recursos serem escassos. Com poucas viaturas, os policiais dão prioridade a estar na rua vigiando, não a ficar na delegacia preenchendo papéis.

Acho que a melhor solução para essa burocracia seria implementar o modelo do Poupatempo nas delegacias. Infelizmente não é a solução para a questão da Segurança, mas o BO é a nossa única arma, a única prova e justificativa que possuímos para pleitear mais recursos às autoridades.”
Adriana Albarella - adriana.albarella@br.abb.com

***

“Um dos motivos que talvez levem muitos a não procurar uma delegacia pode ser o seguinte: já ouvi pessoas dizerem que o fizeram e, ao chegar a uma delegacia, o descaso foi tanto que as pessoas chegaram a dizer que lá foram tratadas como marginais, não como vitimas. O comentário acaba levando outros a não ir até uma delegacia.

Então acredito existir, sim, uma falta de credibilidade -- e discriminação também.”
Cleivande Silva – cleivande@linkservice.com.br

***

“Os furtos não registrados demonstram a nossa falta de confiança na polícia. Eu sou um exemplo: há alguns anos, na casa noturna Valle Sports Bar, no Itaim, parei o carro na rua, poucos metros à frente da entrada da casa, com seguranças, movimento. Quando voltei, lá estava – ou melhor, lá não estava – o vidro do lado do motorista de meu carro. Estilhaços por todos os lados, CDs e CD Player roubados, mala de ginástica com roupas também. Simplesmente fui para casa e, no dia seguinte, fui substituir o vidro.

Por que não fui a delegacia? A resposta vem na forma de outra pergunta: por que eu iria à delegacia? Para engordar estatísticas? Bem, engordo mais essa que a CBN apresentou hoje.”
VeraLú – vera.lucia.santos@br.abnamro.com

***

“Minha sogra foi visitar meu sogro no hospital e ouviu o alarme do carro. Saiu correndo gritando que era ladrão e o "cara", quando a viu, depois de quebrar o vidro para tentar roubar o carro, saiu correndo. Não conseguiu roubar o carro. Ela ficou somente com o prejuízo do vidro. Isso foi às 14h e, quando ela foi à noite novamente, viu o "meliante" na lanchonete próxima do hospital. E não fez nada.

Eu disse a ela que deveria ter chamado a polícia para que fossem tomadas as providências e ela disse que jamais faria isso, pois tinha de ir todos os dias visitar seu marido e, com certeza, a polícia não iria fazer nada e ela ainda corria o risco de que eles mesmos fizessem alguma coisa (como entregá-la para os bandidos). Na polícia, existe uma máfia muito grande. Há policiais que, em vez de estarem do nosso lado, estão contra nós. Disse que não faria o boletim, pois sabia que passaria horas na delegacia e nada seria feito. Então levou o carro para colocar o vidro e arcou com o prejuízo.

Foi muito triste ter de concordar com minha sogra e ver que, por medo, ela passou a ir de ônibus, pois não poderia nem ao menos entregar o "meliante" com medo da polícia. Não existe mais confiança na polícia. Infelizmente eles se sujaram muito por dinheiro e hoje praticamente nossa polícia não tem crédito com a população. Eles não se esforçam para acabar com essa situação de violência e é devido a isso que se explica o fato 50% das pessoas que sofrem com a violência não irem até a delegacia.

Este é o nosso país – infelizmente não é de agora, mas de vários anos. Não temos opção de governantes para tentar melhorar a situação, pois aqueles ataques do PCC mostraram claramente que inclusive o governo ganha com essa situação. O governador foi falar com o líder do PCC e a situação só melhorou quando foram dados os televisores de tela plana (isso que nós ficamos sabendo, o que eu duvido; creio que o governo abriu muito mais do que isso para o PCC). Continuamos nessa situação, pois todos são corruptos e a população fica sozinha. Que dureza concordar com minha sogra.”
Petula Furquin - petula.furquin@infotreasury.com.br

***

“Creio que sei o motivo para tal fenômeno [50% dos crimes não são denunciados]. Vou me utilizar como exemplo: há alguns anos, numa discussão banal entre vizinhos na qual eu entrei inadvertidamente e quis fazer o papel do "deixa-disso", acabei sendo ameaçado de morte por um vizinho, que, alias, foi até minha casa armado e fez mais ameaças (ele era alcoólatra e extremamente agressivo com sua família, mas não era um bandido). Resolvi ir até uma delegacia para que fossem tomadas providências. Como não sou bobo e sempre soube que o mundo trata melhor quem se veste bem, fui muito bem arrumado à tal delegacia. Para minha surpresa, acabei interrompendo uma sessão de piadas que estavam sendo contadas pelo escrivão. Após contar todo o caso diante do escrivão, delegado e investigadores, ocorreu o seguinte fato: o delegado abriu o Código Penal em uma determinada pagina e o deu para o escrivão, que me apontou um trecho da página onde estava escrito "matar, pena de tantos a tantos anos". Em seguida, ouvi as seguintes palavras: "Enquanto ele não te matar, não poderemos fazer nada".

Recentemente minha esposa foi vítima de clonagem de cartão bancário. Após termos ido ao banco para verificar os registros dos endereços dos locais de compra com o cartão clonado, fomos registrar um boletim de ocorrência na delegacia do meu bairro, apenas para termos uma chance maior de sermos ressarcidos pelo banco (que até agora não nos pagou por compras feitas em outros Estados). Mais uma vez, não quiseram registrar o crime. Segundo o delegado, aquilo não era de sua competência (crime de estelionato) e eles não teriam como descobrir onde foram efetuadas as compras. Após muito insistir e mostrar os endereços dos locais de compra, e tão-somente depois de nos ouvir conversando ao celular com um advogado amigo, ele resolveu efetuar o registro da queixa.

Em matéria recente na revista Veja, descobri, sem grandes surpresas, que a policia investiga apenas 2% dos crimes de homicídio. Estou ciente de que policiais são mal pagos, mal treinados, mal equipados e que muitos têm de tomar conta de presos nas delegacias superlotadas, o que torna inviável investigar qualquer crime (exceto os que ocorrem com pessoas poderosas ou crimes de grande vulto na mídia).

Hoje possuo uma situação financeira considerada por muitos como confortável, possuo apartamento próprio e vou ao trabalho sempre de carro e usando terno e gravata. Imagine só como eu seria tratado se eu comparecesse à delegacia com sandálias de dedo e um bilhete único nas mãos. É provável que me detivessem para averiguação antes de me dispensarem.”
Salvador – salvador.consultor@abyara.com.br

***

“Neste sábado à noite meu cunhado pegou um menor dentro de sua casa na Vila Sônia. A polícia foi chamada, mas só atendeu depois de um segundo chamado e, quando chegou, levou o menor e recomendou que não fosse aberto boletim de ocorrência, pois poderia haver represálias dos colegas do menor. Caso isolado? É claro que não, haveria muitos outros casos até piores para contar. Mas não vale a pena nem me alongar mais e perder nosso precioso tempo.”
Emilio de la Fuente – emilio@usp.br

Leia mais