Deputados
do governo e da oposição manifestam apoio à
intenção do governo de enviar projeto equiparando
direitos
Projeto daria à maior categoria do país,
discriminada pela Constituição de 1988, direitos
como hora extra e adicional noturno
Congressistas disseram ontem apoiar a intenção
do governo de acabar com a discriminação contra
os trabalhadores domésticos, a maior categoria profissional
do país.
Deputados tanto da base quanto da oposição afirmaram
que discutirão o assunto o mais rápido possível
assim que uma PEC (proposta de emenda constitucional) chegue
à Casa.
A idéia do governo é que o doméstico
tenha direito a jornada de trabalho estabelecida em lei, hora
extra, adicional noturno, salário-família e
FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) obrigatório
-desde 2000, esse benefício é opcional.
Alguns setores da oposição, no entanto, acusam
o governo de começar a discutir o assunto agora devido
às eleições de outubro. "Essa é
mais uma jogada eleitoral do governo, mas ninguém vai
ficar contra o trabalhador aqui no Congresso. Pode mandar
[a PEC] que votamos com urgência", disse o vice-líder
do DEM na Câmara, José Carlos Aleluia (BA).
O líder tucano, José Aníbal (SP), também
concorda com a proposta, mas ressalta aumentos dos encargos
profissionais que ela deve causar ao ser aprovada. "Temos
que aprimorar essa questão, e acho que é uma
boa hora para isso. Temos que contemplar essa categoria tão
especial, mas também discutir tudo muito bem quando
chegar aqui para não diminuir o número de contratações",
disse. A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC),
faz a mesma ressalva. Segundo ela, a relação
de trabalho dos domésticos é peculiar e precisa
ser muito bem discutida. Já o líder do PT na
Câmara, deputado Maurício Rands (PE), disse que
as críticas da oposição sobre o momento
"eleitoreiro" são apenas para "desmerecer
as boas propostas do governo".
"Estamos em um momento em que a renda da sociedade está
crescendo, por isso é justo que eles [domésticos]
tenham um reconhecimento tão merecido", disse
Rands.
Segundo reportagem da Folha no domingo, o governo federal
prepara uma PEC que permitirá a equiparação
dos direitos de 6,8 milhões de empregados domésticos
do país -segundo o IBGE- com os dos demais trabalhadores.
Além dos 6,8 milhões de empregados domésticos
que trabalham por mês, há 2,3 milhões
de horistas, caso das faxineiras ou das diaristas. Somados,
são 9,1 milhões de trabalhadores ou 5% da população
brasileira.
Cinco ministérios (Trabalho, Previdência Social,
Casa Civil, Fazenda e Planejamento) trabalham juntos na mudança
na legislação, que deve chegar ao Congresso
até o fim do ano. Para ser aprovado, o texto precisará
ser aprovado em primeiro e em segundo turnos na Câmara
dos Deputados e depois no Senado Federal.
Maria Clara Cabral
Colaborou Adriano Ceolin
Folha de S.Paulo
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