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25/07/2008


Em sigilo, Luiza prepara seu dia D

 
 


Operação de guerra para preparar a entrada do Magazine Luiza na capital: salas de aula para 2 mil escolhidos e 270 horas de treinamento



Tudo que cerca o chamado "projeto São Paulo" na rede de varejo Magazine Luiza tem um certo tom de mistério. No mesmo dia, nos próximos meses, a terceira maior rede varejista do país colocará em funcionamento 50 lojas na cidade de São Paulo, Grande São Paulo e litoral do Estado. A data da empreitada é guardada a sete chaves no grupo. Ninguém sabe. Nem mesmo os dois mil novos funcionários recém-selecionados num processo gigantesco de seleção, que envolveu 120 mil candidatos. "Estamos numa verdadeira operação de guerra", diz Telma Rodrigues, diretora de recursos humanos da rede.

Apenas para tratar do "projeto São Paulo", o departamento de RH conta com um orçamento inicial de R$ 7 milhões, o que fez praticamente dobrar seu "budget" anual de R$ 8 milhões. Como no varejo quem está na linha de frente pode garantir o sucesso ou fracasso das vendas e da operação, a rede decidiu redobrar o cuidado dispensado na formação desses novos funcionários. "São Paulo é um mercado mais exigente, sabemos disso", diz Telma.

A operação começou a ser estruturada em novembro do ano passado e chamou a atenção do público antes mesmo das vagas serem disponibilizadas. Com uma divulgação moderada, na base do boca-a-boca e algumas matérias em jornais, cerca de quatro mil pessoas procuraram o portal do Magazine Luiza atrás de uma colocação. "Ficamos surpresos e decidimos usar esse contato para perguntar como eles gostariam que fosse feita a seleção", conta Telma. A resposta foi clara: menos dias de entrevistas e um retorno, mesmo negativo, no final. "Decidimos atender essa demanda". No fim do processo, Luiza Trajano, fundadora da rede, gravou uma mensagem de vídeo no site dirigida aos eliminados. Em vez de explicações, dicas para o futuro: como se vestir e se portar numa entrevista de emprego.

Para chegar aos dois mil nomes efetivados, a rede contou com a ajuda de quatro consultorias de RH, incluindo uma especializada na contratação de pessoas portadoras de deficiências, para preencher 50 postos. A propaganda foi para as ruas no início do ano com anúncios no rádio e no metrô. O retorno veio a galope. Em poucos meses, 120 mil inscritos. No fim da seleção, a divulgação dos escolhidos foi publicada em jornais de grande circulação como se fosse o resultado de um vestibular. "A maioria não foi para uma faculdade e nunca teve seu nome numa lista dessas, aparecer no jornal foi um motivo de orgulho para as famílias", explica Telma.

Selecionados os novos empregados, a rede criou um centro de treinamento no prédio da Universal Music, no Bairro de Santana, só para atender o "projeto São Paulo". Numa área de quatro mil metros quadrados, o Magazine Luiza construiu oito salas de aula, dividiu os novos empregados em turmas de 700 pessoas e deu início este mês à preparação do efetivo. "Cada funcionário passará até o fim de agosto por 280 horas de treinamento", diz Telma. Depois de dedicar 94 horas a assuntos ligados à cultura da empresa e formação pessoal, eles terão outras 87 horas de treinamento prático nas lojas da rede.

Com a intenção de contemplar as necessidades específicas desse novo efetivo, a rede decidiu adaptar algumas de suas políticas na área de RH. O cheque-mãe, por exemplo, um auxílio de R$ 250,00 mensais oferecido às funcionárias que precisam deixar os filhos menores de 10 anos em creches ou com babás para trabalhar, oferecido após um ano de casa, poderá ser utilizado seis meses após a entrada no grupo. "As mães sofrem mais com esse problema aqui em São Paulo pela dificuldade de locomoção e pelo próprio tamanho da cidade", diz a diretora.

Essa rapidez na resposta às demandas dos funcionários, aliada a políticas pouco usuais como a assistência médica estendida aos pais e sogros, bolsa de estudos após um ano de casa para o pessoal das lojas, entre outros benefícios, já renderam vários prêmios ao RH do Magazine Luiza. "Nosso turnover médio é de 27%", conta Telma. Um percentual bem abaixo da média do varejo que gira em torno de 35% a 40%. A maior parte dos 12 mil funcionários tem mais de cinco anos de casa, coisa rara no setor. "Temos 900 pessoas, em cargos de liderança, com 20 anos de empresa ou mais e são eles que mantém viva a nossa cultura", diz.

Dos que ingressam agora na empresa em São Paulo, 73% têm idade entre 25 e 49 anos, 55% são mulheres e 67% terminaram o ensino médio. Os critérios de seleção para todas as vagas, de montadores a gerentes seniores, levaram em conta o espírito empreendedor e a facilidade na comunicação. "Queríamos pessoas que tivessem batalhado desde cedo, que tivessem ambição para melhorar de vida", diz Telma. "Mas com uma postura ética, claro".

Ser competitivo parece ser uma característica inerente a quem atua no varejo. Essa, entretanto, não é uma característica vista com bons olhos pelo grupo. "Tentamos minimizar esse espírito de competição dividindo a composição da remuneração do funcionário entre metas individuais e de grupo", explica Telma. Assim, 70% do salário do empregado está relacionado à própria performance e 30% à de sua equipe. "Queremos incentivar com isso o trabalho em equipe", diz.

Outra medida adotada na rede, para promover uma maior interação entre os funcionários das lojas, foi a criação de conselhos internos. Como nas grandes corporações, cada loja possui um conselho consultivo, eleito pelos empregados, com um mandato anual, que decide sobre demissões e discute a performance da unidade. "É uma forma de ninguém reclamar do que é decidido", diz Telma.

O fato do grupo, fundado há 50 anos, ter quadruplicado de tamanho nos últimos dez anos, ajuda a garantir uma maior mobilidade para os funcionários, pelo fato de qualquer um poder se candidatar a um posto no banco de dados mantido no portal do Magazine Luiza. Mais de 80% das vagas são preenchidas internamente.

Hoje a rede possui 395 lojas, em sete estados e emprega 12 mil pessoas. No ano passado, seu faturamento foi de R$ 2,6 bilhões. A previsão é de um crescimento de 40% este ano. Ingressar em São Paulo, erguendo 50 lojas organicamente, sem nenhuma aquisição, é o maior desafio já enfrentado pelo grupo. "Nós sabemos que o sucesso dessa operação está nas mãos destas pessoas que estamos contratando, por isso precisamos cuidar muito bem delas", diz a diretora.


Stela Campos
O Valor Econômico


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