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27/04/2004
USP testa vacina de DNA contra tumores

 

Um nordestino que mora na capital e mais dois paulistas, todos atendidos no Hospital das Clínicas da USP de São Paulo, foram os primeiros a participar dos testes clínicos, com três doses, da única vacina gênica para tratamento de câncer desenvolvida no Brasil. Em 15 dias, dois outros pacientes --de um total de 18 com tumores de cabeça e pescoço-- receberão a terceira dose da vacina.

A vacina foi originalmente concebida para imunizar contra a tuberculose. Ela usa DNA (a molécula que guarda a informação hereditária nas células) e foi elaborada pelo bioquímico Célio Lopes da Silva, 51, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

O produto mostrou eficácia na prevenção e no tratamento de tuberculose e câncer em animais de laboratório. O imunologista disse que os primeiros resultados sobre a eficácia em seres humanos devem ser conhecidos daqui a seis meses. Os resultados finais podem demorar mais de três anos.

Na primeira fase dos testes serão examinados mais de 270 parâmetros de toxicidade, de acordo com as normas da FDA (agência de alimentos e fármacos dos EUA). A preocupação inicial é saber se a vacina tem efeitos colaterais. A eficácia contra tumores será avaliada na fase seguinte.

"Se der resultados, queremos validar essa vacina para o mundo todo", diz Silva.

Na realidade, trata-se de um ensaio híbrido, com componentes das chamadas fase 1 (toxicidade) e fase 2 (eficácia). Na primeira fase, os pacientes são acompanhados com exames de tomografia, a cada três meses. "Se constatarmos desde já que os tumores diminuem de tamanho, temos o resultado antecipado do que nos aguarda na fase 2. Seria quase como fazer duas fases em uma."

Conselho de ética
Os testes com seres humanos foram aprovados há quase dois anos pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), mas antes foi preciso montar uma pequena indústria farmacêutica, para obtenção da vacina em escala industrial, na USP de Ribeirão Preto. No HC de São Paulo, foi preciso criar uma equipe especial de pesquisadores e investir em instalações adequadas.

Os testes clínicos no HC de São Paulo estão sendo coordenados por Kald Ali Abdallah, da Divisão de Alergia e Imunologia Clínica, e por Pedro Michaluart, da Divisão de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Os pacientes que concordaram em participar têm tumores localmente agressivos na região da cabeça e do pescoço e já foram tratados, sem sucesso, com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia.

Segundo Abdallah, 35, esses tumores atacam geralmente garganta, base da língua, faringe e laringe. "São pacientes que, na sua maioria, fumaram muito."

A cada mês serão incorporados aos testes mais dois pacientes. "Todos têm câncer em estágio avançado, perspectiva de mais de três meses de vida, estão lúcidos, conscientes, e a autorização teve de ser dada pelo doente e pela família. Eles foram informados de que não existe ainda nenhuma expectativa de cura em humanos e de que podem ocorrer efeitos colaterais", diz Abdallah. "A vacina funcionou no camundongo. Mas isso não quer dizer muita coisa para o ser humano. A resposta está nesse ensaio clínico."

A vacina desenvolvida inicialmente contra a tuberculose acabou sendo testada como terapia contra o câncer em animais --e funcionou. "É a mesma vacina da tuberculose, só que com pequenas adaptações na hora de aplicar contra o câncer. O importante é que o sistema de defesa do organismo que combate a tuberculose é o mesmo que combate um tumor", afirma Abdallah.

Células combatentes
O objetivo da vacina, segundo o pesquisador, é acionar os linfócitos T CD8 e T CD4, tipos de célula "combatente" do sistema imune (de defesa). "Como o gene do bacilo da tuberculose tipicamente desperta o linfócito T, existem várias estratégias de tratamento utilizando esse bacilo na indução de resposta antitumoral."

A vacina atual contra a tuberculose (BCG) já é usada para tratar câncer de bexiga em fase inicial. A aplicação é direta na bexiga. "Para tratar o câncer é preciso aplicar diretamente no tumor, não de forma intradérmica [sob a pele]. Como é um gene de agente infeccioso, o sistema imune interpreta que aquela célula está infectada. É uma maneira de driblar o sistema imunológico."

A pesquisa da vacina contra a tuberculose começou a ser feita em 1990, quando Silva foi fazer seu pós-doutorado em Londres. Os primeiros resultados positivos foram apresentados por ele em Genebra, em 1994, numa reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde 1992, no entanto, ele vem estudando a validade da mesma vacina contra o câncer.


RUBENS ZAIDAN
da Folha de S.Paulo

   

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