Há
uma série de razões para explicar a derrota
do governo, entre as quais as suas falhas de articulação
no Congresso, o jogo baixo de barganhas, o medo de que a vitória
da prorrogação da CPMF turbinasse a candidatura
presidencial do PT e a necessidade da oposição
de ocupar espaço diante da opinião pública.
O que importa, porém, é o crônico cansaço
do brasileiro diante do gasto público ao mesmo tempo
em que paga mais impostos.
Periodicamente, são publicadas notícias sobre
nosso atraso social em comparação com nações
mais pobres, a exemplo dos indicadores educacionais divulgados
na semana passada. A insegurança nas cidades é
generalizada, os serviços públicos são
ruins, há falta de investimentos. Mesmo assim, os impostos
não param de subir.
Cria-se uma desnecessária emissora de televisão
pública ao custo inicial de R$ 350 milhões,
fala-se em dar dinheiro para o Banco Sul, inventado por [Hugo]
Chávez, anunciam-se mais dezenas de milhares de contratações.
Vemos salários públicos ganharem as alturas.
Há muito tempo vem ganhando o descontentamento menos
sobre o quanto pagamos de imposto (e é muito para uma
nação emergente) e mais sobre como ele é
usado --esse sentimento foi a grande força por trás
da derrota do governo.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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