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esporte comunitário
20/07/2004
Escolinha de futebol carioca funciona com apoio dos pais e do comércio local

Terças, quintas e sextas, é dia de futebol no Parque Rubens Vaz, na Maré, Zona Norte carioca. Mas só joga quem está na escola. É assim que, apostando na alternativa do esporte, as escolinhas de futebol da comunidade funcionam a todo vapor, movidas apenas pelo empenho dos responsáveis e apoio de moradores e comerciantes locais. Tanto quanto tirar a garotada da ociosidade, ainda fica a possibilidade de se ver surgir um craque como Ronaldinho.

“Queríamos ocupar as crianças que estavam pelas ruas. Aí um colega de trabalho falou que podíamos usar o espaço da quadra de esporte no Parque Rubens Vaz”, fala Vilmar Gomes Crisóstomo, de 39 anos, mais conhecido como Maga. O projeto, iniciado em 2001, atende mais de 150 garotos da Nova Holanda, Parque União e Parque Rubens Vaz. E funcionou sem patrocínio até hoje – a partir de agosto, a comunidade vai contar com o projeto do governo do estado "Criança Boa de Bola Tem que Ser Boa na Escola".

Enquanto isso, os responsáveis pelo projeto driblam as dificuldades com a ajuda dos moradores. “São eles que mantêm o projeto vivo. Se precisamos de alguém para lavar os uniformes, falamos com as mães, se queremos fazer uma festinha, a quem recorremos? Pedimos contribuições aos comerciantes, donos de quiosques e até ambulantes. É um refrigerante aqui, outro ali e assim vai”, diz Ricardo Ferreira dos Santos, de 38 anos, atual presidente da associação de moradores do Parque Rubens Vaz, em frente à quadra de esportes. Mais conhecido como Robô, Ricardo não hesita em afirmar: “O projeto tem sido uma maravilha para estas crianças.”

A escolinha já revelou alguns talentos. Maga está sempre de olho nos garotos que se destacam e os apresenta nos clubes em que tem seus contatos, como Olaria e Vasco. É o caso de Davi dos Santos Silva, de 15 anos. “Consegui o que muitos meninos da minha idade sonham que é disputar um campeonato pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol)", diz animado. Ele disputou o torneio que a CBF organiza entre associações de moradores, jogando pelo time que reuniu garotos do projeto e de outras comunidades da Maré, em 2001 e 2002. "O incrível foi que em 2002, a gente perdeu na final de 1x0 para o time de Vila Isabel”, lamenta o agitado Davi.

Um olheiro que viu a atuação de Davi o chamou para treinar no Vasco, que é onde ele está atualmente. “Treinar numa quadra menor como a do Rubens Vaz é a melhor maneira de pegar agilidade com a bola, porque o espaço é muito curto”, diz aos mais novos na quadra. A única coisa que o faz balançar em seguir carreira com a bola é a grana, que por enquanto é muita curta e ele ainda não conta com nenhuma ajuda de custo do clube.

Correndo atrás de escola
Tanto Robô quanto Maga são instrutores de esportes da Vila Olímpica da Maré, mas dedicam as horas de folga ao treino da criançada. Principalmente durante os sete meses em que a vila esteve parada. O incentivo que eles têm para isso é saber que estão ajudando a mudar a vida de muitos meninos. Até pela obrigatoriedade de freqüentar a escola para poder jogar. “Não adianta ensinar somente a disciplina do futebol. As crianças também precisam estudar. Se for preciso, vou pessoalmente matricular os garotos do projeto que ainda não estejam estudando”, conta Maga.

Isso, segundo Maga, acontece muito. “É que os pais trabalham e muitas vezes não têm tempo de ver colégio para os filhos. Então, falo com eles e corro atrás. Vou nos colégios ver se ainda há vagas para as crianças”, explica.

Junto com Maga e Robô, o ex-jogador profissional Edmílson Justino da Silva, de 20 anos, também integra a “comissão técnica” do projeto. “A escolinha é uma oportunidade de tirar as crianças da vida errada das ruas. Principalmente se elas não estudam e não têm uma educação”, diz. Ele sabe por experiência própria. “Eu não tive apoio, nem a oportunidade que eles estão tendo. Por isso, acho que devia haver outras escolinhas como essa. Assim muitas crianças não estariam se perdendo no mundo”, diz Edmílson, que chegou a jogar no Nacional Atlético Clube, de São Paulo, e hoje vende uniformes de times de futebol em Copacabana.

A experiência deles conta muito até na hora de indicar a prática de outro esporte para os meninos. No caso de Wallace Ferreira de Oliveira, de 15 anos, houve uma guinada em suas perspectivas. “Ele chegou aqui decidido a ser goleiro. Mas, já pensou, um menino de 14 anos, com 1,90m?! Fiquei tentando convencê-lo a mudar para o basquete. Quando ele se decidiu, liguei para um amigo do Olaria e falei dele. Marcamos um teste e não deu outra; o menino passou e ficou treinando lá. De goleiro de futebol passou a jogador de basquete. Só ficou por aqui uns dois meses”, conta sorridente Ricardo.

O pai de Wallace, Waldemir Almeida de Oliveira, de 46 anos, não podia estar mais orgulhoso. “Gosto de ver que meu filho está seguindo carreira de atleta. Minha forma de incentivo é ir a todos os jogos dele, falando que ele deve se acostumar com qualquer resultado, seja vitória ou derrota”, diz. Wallace hoje disputa o campeonato pela Federação Nacional de Basquete. “Ano que vem, ele deve passar para a categoria infanto-juvenil e eu espero que ele consiga vaga para ir à Argentina jogar. A viagem está certa, mas os jogadores não. Ele está feliz e confiante, assim como eu. O clube dele atualmente está indo para as quartas-de-final. Espero que dê tudo certo; e se Deus quiser vai dar”, anima-se o pai.

"Paitrocínio" e Panelinha
Maga também está para lá de feliz. Com a parceria com o governo do estado, os meninos passarão a contar com o kit que inclui uniformes e material para o time. E os instrutores começarão a ganhar remuneração de R$ 300 pelo trabalho, que já faziam de graça. Até o campo já ganhou uma reforma. "Agora passamos a ter capacidade de atender mais garotos. Podem participar até 300 meninos", anima-se.

Tudo isso faz com que Jefferson Moraes de Abreu Fernandes, de 15 anos, treine com mais empenho. Há três anos no projeto, ele ainda não conseguiu jogar fora da comunidade. Nem por isso, desiste. "Quero ser um grande jogador de futebol, principalmente se for no Flamengo, meu time do coração”, diz. Ele admite que chegou atraído pelos jogos, como todos os demais meninos, mas que os treinos o ajudaram em outras áreas. “Melhorei no futebol e passei a ter mais disciplina na escola”, conta.

Perto dali, na Praia de Ramos, o "Criança Hoje, Cidadão Amanhã" funciona mais ou menos nas mesmas bases. “O projeto aqui é apoiado pelos pais das crianças, que às vezes contribuem com R$ 3, R$ 2 para comprar a bola e qualquer outro material que os filhos precisem. Vivemos de doações. Uma drogaria de Ramos, por exemplo, nos cedeu os uniformes”, diz Antônio Sebastião dos Santos, de 40 anos.

O motivo que levou Antônio a montar a escolinha, há cinco anos, foi puramente pessoal. “Foi meu filho, que me pediu para ensiná-lo a jogar bola. Aí foram aparecendo mais crianças e tudo foi crescendo. Hoje temos mais de 200 meninos, divididos em chupetinha, de cinco a sete anos; fraldinhas, de oito a nove; pré-mirim, de 10 a 11; e mirim, de 12 a 13 anos”, afirma orgulhoso.

No começo, ele começou a levar o filho e os amigos para jogar na Ilha do Governador. "Vi um outro time de crianças jogando, falei com o responsável e marcamos um jogo. Daí tudo foi começando", lembra. O primeiro jogo de camisas foi comprado com o dinheiro do próprio Antônio, no verdadeiro espírito do "paitrocínio". Ele tem certeza de que valeu a pena. "Ganhamos aquele primeiro jogo de 5 x 3. No começo a gente chamava o time de Panelinha, porque era formado só com os amigos do meu filho", explica.

À medida que o projeto foi crescendo, também foram chegando outros adultos. Hoje, Antônio divide as responsabilidades com Waldir Paulino, pai de Felipe Batista Paulino, e outros dois pais. Até as mães fazem questão de vestir a camisa do projeto. São elas que organizam o lanche dos meninos para os amistosos e se tornam as maiores torcedoras.

Os treinos acontecem toda segunda, quarta, sexta e sábado. “Os garotos chegam aqui e não sabem chutar uma bola, mas depois de um tempo você vê o garoto que era tímido correndo e fazendo novos amigos. Criança tem que ter disciplina e fazer exercício desde cedo, conviver com outras crianças. Assim, elas crescem sem menosprezar os coleguinhas, aprendem a trabalhar em grupo e a ter companheirismo”, explica.

De Ramos para os clubes
Ali, na escolinha de Ramos, sempre há vagas, sempre cabe mais um. A única regra, para Antônio, é que a criança precisa vir espontaneamente e não forçada pelos pais. “Tem que chegar querendo de fato participar, jogar com as outras crianças. Não é o pai forçando que ela vai ficar na escolinha. Foi assim que aconteceu com meu filho e acontece com a maioria das crianças que vêm para o projeto”, diz. Ele também faz questão de que os meninos estudem. E se não chega a matricular ninguém no colégio, como faz Maga, também se interessa pelo desempenho escolar dos meninos.


Mais de 200 meninos participam
No esquema da escolinha da Praia de Ramos, sempre que há jogos fora da comunidade é cada um por si. “Quando jogamos fora não fretamos ônibus. Cada garoto vai com seus pais e todos pagam passagens normalmente”, explica. Em compensação, Antônio é só alegria ao falar das vitórias dos meninos. “Em junho, jogamos no clube Jequiá, da Ilha do Governador, e ganhamos em todas as categorias, o que me fez ficar bem orgulhoso.”

Sua escolinha ganhou certa notoriedade depois que conseguiu abrir horizontes para alguns meninos. "Geralmente, quando nos procuram para amistosos, há interesse por algum garoto. Agora, por exemplo, tivemos convite do núcleo do Flamengo para categoria de base, em São João de Meriti. O jogo também é para observar um ou outro garoto que se destaque", explica Antônio. Ele enumera os vários amistosos que seu time já disputou: "Contra os Meninos da Paz, na Ilha; Florença, de Vicente de Carvalho; Social Ramos Clube, de Ramos; escolinha do Bonsucesso; o núcleo do Fluminense, dirigido pelo ex-jogador Ronald, em Vista Alegre".

Ocasiões como essas serviram para que pelo menos seis garotos passassem a treinar fora. "Alguns conseguiram até ajuda de custo, como o Alan, no Madureira, e o Valdirzinho, no Olaria. Tem ainda o Marcelinho, na Associação Atlética Banco do Brasil, Lucas e Brando, no Meninos da Paz, da Ilha. O Douglas Renan e meu filho Ítalo, pela Associação Atlética da Tijuca, vão disputar campeonato federado ainda este ano. E tem também o Cleiton, que vai ser avaliado pelo mesmo time", enumera.

O filho de Antônio, Ítalo Souza dos Santos, hoje com 12 anos, está tão animado quanto o pai com crescimento do projeto. "Acho bom, todos os meus colegas continuam jogando", diz. Torcedor do Flamengo, ele agora se divide entre os treinos em Ramos e na Associação Atlética da Tijuca, onde fez teste e passou: "Ainda não decidi onde vou ficar treinando. Por enquanto jogo nos dois times".

Opção pela bola
Terças, quintas e sextas, é dia de futebol no Parque Rubens Vaz, na Maré, Zona Norte carioca. Mas só joga quem está na escola. É assim que, apostando na alternativa do esporte, as escolinhas de futebol da comunidade funcionam a todo vapor, movidas apenas pelo empenho dos responsáveis e apoio de moradores e comerciantes locais. Tanto quanto tirar a garotada da ociosidade, ainda fica a possibilidade de se ver surgir um craque como Ronaldinho.

“Queríamos ocupar as crianças que estavam pelas ruas. Aí um colega de trabalho falou que podíamos usar o espaço da quadra de esporte no Parque Rubens Vaz”, fala Vilmar Gomes Crisóstomo, de 39 anos, mais conhecido como Maga. O projeto, iniciado em 2001, atende mais de 150 garotos da Nova Holanda, Parque União e Parque Rubens Vaz. E funcionou sem patrocínio até hoje – a partir de agosto, a comunidade vai contar com o projeto do governo do estado "Criança Boa de Bola Tem que Ser Boa na Escola".

Enquanto isso, os responsáveis pelo projeto driblam as dificuldades com a ajuda dos moradores. “São eles que mantêm o projeto vivo. Se precisamos de alguém para lavar os uniformes, falamos com as mães, se queremos fazer uma festinha, a quem recorremos? Pedimos contribuições aos comerciantes, donos de quiosques e até ambulantes. É um refrigerante aqui, outro ali e assim vai”, diz Ricardo Ferreira dos Santos, de 38 anos, atual presidente da associação de moradores do Parque Rubens Vaz, em frente à quadra de esportes. Mais conhecido como Robô, Ricardo não hesita em afirmar: “O projeto tem sido uma maravilha para estas crianças.”

A escolinha já revelou alguns talentos. Maga está sempre de olho nos garotos que se destacam e os apresenta nos clubes em que tem seus contatos, como Olaria e Vasco. É o caso de Davi dos Santos Silva, de 15 anos. “Consegui o que muitos meninos da minha idade sonham que é disputar um campeonato pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol)", diz animado. Ele disputou o torneio que a CBF organiza entre associações de moradores, jogando pelo time que reuniu garotos do projeto e de outras comunidades da Maré, em 2001 e 2002. "O incrível foi que em 2002, a gente perdeu na final de 1x0 para o time de Vila Isabel”, lamenta o agitado Davi.

Um olheiro que viu a atuação de Davi o chamou para treinar no Vasco, que é onde ele está atualmente. “Treinar numa quadra menor como a do Rubens Vaz é a melhor maneira de pegar agilidade com a bola, porque o espaço é muito curto”, diz aos mais novos na quadra. A única coisa que o faz balançar em seguir carreira com a bola é a grana, que por enquanto é muita curta e ele ainda não conta com nenhuma ajuda de custo do clube.

Correndo atrás de escola
Tanto Robô quanto Maga são instrutores de esportes da Vila Olímpica da Maré, mas dedicam as horas de folga ao treino da criançada. Principalmente durante os sete meses em que a vila esteve parada. O incentivo que eles têm para isso é saber que estão ajudando a mudar a vida de muitos meninos. Até pela obrigatoriedade de freqüentar a escola para poder jogar. “Não adianta ensinar somente a disciplina do futebol. As crianças também precisam estudar. Se for preciso, vou pessoalmente matricular os garotos do projeto que ainda não estejam estudando”, conta Maga.

Isso, segundo Maga, acontece muito. “É que os pais trabalham e muitas vezes não têm tempo de ver colégio para os filhos. Então, falo com eles e corro atrás. Vou nos colégios ver se ainda há vagas para as crianças”, explica.

Junto com Maga e Robô, o ex-jogador profissional Edmílson Justino da Silva, de 20 anos, também integra a “comissão técnica” do projeto. “A escolinha é uma oportunidade de tirar as crianças da vida errada das ruas. Principalmente se elas não estudam e não têm uma educação”, diz. Ele sabe por experiência própria. “Eu não tive apoio, nem a oportunidade que eles estão tendo. Por isso, acho que devia haver outras escolinhas como essa. Assim muitas crianças não estariam se perdendo no mundo”, diz Edmílson, que chegou a jogar no Nacional Atlético Clube, de São Paulo, e hoje vende uniformes de times de futebol em Copacabana.

A experiência deles conta muito até na hora de indicar a prática de outro esporte para os meninos. No caso de Wallace Ferreira de Oliveira, de 15 anos, houve uma guinada em suas perspectivas. “Ele chegou aqui decidido a ser goleiro. Mas, já pensou, um menino de 14 anos, com 1,90m?! Fiquei tentando convencê-lo a mudar para o basquete. Quando ele se decidiu, liguei para um amigo do Olaria e falei dele. Marcamos um teste e não deu outra; o menino passou e ficou treinando lá. De goleiro de futebol passou a jogador de basquete. Só ficou por aqui uns dois meses”, conta sorridente Ricardo.

O pai de Wallace, Waldemir Almeida de Oliveira, de 46 anos, não podia estar mais orgulhoso. “Gosto de ver que meu filho está seguindo carreira de atleta. Minha forma de incentivo é ir a todos os jogos dele, falando que ele deve se acostumar com qualquer resultado, seja vitória ou derrota”, diz. Wallace hoje disputa o campeonato pela Federação Nacional de Basquete. “Ano que vem, ele deve passar para a categoria infanto-juvenil e eu espero que ele consiga vaga para ir à Argentina jogar. A viagem está certa, mas os jogadores não. Ele está feliz e confiante, assim como eu. O clube dele atualmente está indo para as quartas-de-final. Espero que dê tudo certo; e se Deus quiser vai dar”, anima-se o pai.


"Paitrocínio" e Panelinha
Maga também está para lá de feliz. Com a parceria com o governo do estado, os meninos passarão a contar com o kit que inclui uniformes e material para o time. E os instrutores começarão a ganhar remuneração de R$ 300 pelo trabalho, que já faziam de graça. Até o campo já ganhou uma reforma. "Agora passamos a ter capacidade de atender mais garotos. Podem participar até 300 meninos", anima-se.

Tudo isso faz com que Jefferson Moraes de Abreu Fernandes, de 15 anos, treine com mais empenho. Há três anos no projeto, ele ainda não conseguiu jogar fora da comunidade. Nem por isso, desiste. "Quero ser um grande jogador de futebol, principalmente se for no Flamengo, meu time do coração”, diz. Ele admite que chegou atraído pelos jogos, como todos os demais meninos, mas que os treinos o ajudaram em outras áreas. “Melhorei no futebol e passei a ter mais disciplina na escola”, conta.

Perto dali, na Praia de Ramos, o "Criança Hoje, Cidadão Amanhã" funciona mais ou menos nas mesmas bases. “O projeto aqui é apoiado pelos pais das crianças, que às vezes contribuem com R$ 3, R$ 2 para comprar a bola e qualquer outro material que os filhos precisem. Vivemos de doações. Uma drogaria de Ramos, por exemplo, nos cedeu os uniformes”, diz Antônio Sebastião dos Santos, de 40 anos.

O motivo que levou Antônio a montar a escolinha, há cinco anos, foi puramente pessoal. “Foi meu filho, que me pediu para ensiná-lo a jogar bola. Aí foram aparecendo mais crianças e tudo foi crescendo. Hoje temos mais de 200 meninos, divididos em chupetinha, de cinco a sete anos; fraldinhas, de oito a nove; pré-mirim, de 10 a 11; e mirim, de 12 a 13 anos”, afirma orgulhoso.

No começo, ele começou a levar o filho e os amigos para jogar na Ilha do Governador. "Vi um outro time de crianças jogando, falei com o responsável e marcamos um jogo. Daí tudo foi começando", lembra. O primeiro jogo de camisas foi comprado com o dinheiro do próprio Antônio, no verdadeiro espírito do "paitrocínio". Ele tem certeza de que valeu a pena. "Ganhamos aquele primeiro jogo de 5 x 3. No começo a gente chamava o time de Panelinha, porque era formado só com os amigos do meu filho", explica.

À medida que o projeto foi crescendo, também foram chegando outros adultos. Hoje, Antônio divide as responsabilidades com Waldir Paulino, pai de Felipe Batista Paulino, e outros dois pais. Até as mães fazem questão de vestir a camisa do projeto. São elas que organizam o lanche dos meninos para os amistosos e se tornam as maiores torcedoras.

Os treinos acontecem toda segunda, quarta, sexta e sábado. “Os garotos chegam aqui e não sabem chutar uma bola, mas depois de um tempo você vê o garoto que era tímido correndo e fazendo novos amigos. Criança tem que ter disciplina e fazer exercício desde cedo, conviver com outras crianças. Assim, elas crescem sem menosprezar os coleguinhas, aprendem a trabalhar em grupo e a ter companheirismo”, explica.

De Ramos para os clubes
Ali, na escolinha de Ramos, sempre há vagas, sempre cabe mais um. A única regra, para Antônio, é que a criança precisa vir espontaneamente e não forçada pelos pais. “Tem que chegar querendo de fato participar, jogar com as outras crianças. Não é o pai forçando que ela vai ficar na escolinha. Foi assim que aconteceu com meu filho e acontece com a maioria das crianças que vêm para o projeto”, diz. Ele também faz questão de que os meninos estudem. E se não chega a matricular ninguém no colégio, como faz Maga, também se interessa pelo desempenho escolar dos meninos.

No esquema da escolinha da Praia de Ramos, sempre que há jogos fora da comunidade é cada um por si. “Quando jogamos fora não fretamos ônibus. Cada garoto vai com seus pais e todos pagam passagens normalmente”, explica. Em compensação, Antônio é só alegria ao falar das vitórias dos meninos. “Em junho, jogamos no clube Jequiá, da Ilha do Governador, e ganhamos em todas as categorias, o que me fez ficar bem orgulhoso.”

Sua escolinha ganhou certa notoriedade depois que conseguiu abrir horizontes para alguns meninos. "Geralmente, quando nos procuram para amistosos, há interesse por algum garoto. Agora, por exemplo, tivemos convite do núcleo do Flamengo para categoria de base, em São João de Meriti. O jogo também é para observar um ou outro garoto que se destaque", explica Antônio. Ele enumera os vários amistosos que seu time já disputou: "Contra os Meninos da Paz, na Ilha; Florença, de Vicente de Carvalho; Social Ramos Clube, de Ramos; escolinha do Bonsucesso; o núcleo do Fluminense, dirigido pelo ex-jogador Ronald, em Vista Alegre".

Ocasiões como essas serviram para que pelo menos seis garotos passassem a treinar fora. "Alguns conseguiram até ajuda de custo, como o Alan, no Madureira, e o Valdirzinho, no Olaria. Tem ainda o Marcelinho, na Associação Atlética Banco do Brasil, Lucas e Brando, no Meninos da Paz, da Ilha. O Douglas Renan e meu filho Ítalo, pela Associação Atlética da Tijuca, vão disputar campeonato federado ainda este ano. E tem também o Cleiton, que vai ser avaliado pelo mesmo time", enumera.

O filho de Antônio, Ítalo Souza dos Santos, hoje com 12 anos, está tão animado quanto o pai com crescimento do projeto. "Acho bom, todos os meus colegas continuam jogando", diz. Torcedor do Flamengo, ele agora se divide entre os treinos em Ramos e na Associação Atlética da Tijuca, onde fez teste e passou: "Ainda não decidi onde vou ficar treinando. Por enquanto jogo nos dois times".

Ali, na escolinha de Ramos, sempre há vagas, sempre cabe mais um. A única regra, para Antônio, é que a criança precisa vir espontaneamente e não forçada pelos pais. “Tem que chegar querendo de fato participar, jogar com as outras crianças. Não é o pai forçando que ela vai ficar na escolinha. Foi assim que aconteceu com meu filho e acontece com a maioria das crianças que vêm para o projeto”, diz. Ele também faz questão de que os meninos estudem. E se não chega a matricular ninguém no colégio, como faz Maga, também se interessa pelo desempenho escolar dos meninos.

No esquema da escolinha da Praia de Ramos, sempre que há jogos fora da comunidade é cada um por si. “Quando jogamos fora não fretamos ônibus. Cada garoto vai com seus pais e todos pagam passagens normalmente”, explica. Em compensação, Antônio é só alegria ao falar das vitórias dos meninos. “Em junho, jogamos no clube Jequiá, da Ilha do Governador, e ganhamos em todas as categorias, o que me fez ficar bem orgulhoso.”

Sua escolinha ganhou certa notoriedade depois que conseguiu abrir horizontes para alguns meninos. "Geralmente, quando nos procuram para amistosos, há interesse por algum garoto. Agora, por exemplo, tivemos convite do núcleo do Flamengo para categoria de base, em São João de Meriti. O jogo também é para observar um ou outro garoto que se destaque", explica Antônio. Ele enumera os vários amistosos que seu time já disputou: "Contra os Meninos da Paz, na Ilha; Florença, de Vicente de Carvalho; Social Ramos Clube, de Ramos; escolinha do Bonsucesso; o núcleo do Fluminense, dirigido pelo ex-jogador Ronald, em Vista Alegre".

Ocasiões como essas serviram para que pelo menos seis garotos passassem a treinarfora. "Alguns conseguiram até ajuda de custo, como o Alan, no Madureira, e o Valdirzinho, no Olaria. Tem ainda o Marcelinho, na Associação Atlética Banco do Brasil, Lucas e Brando, no Meninos da Paz, da Ilha. O Douglas Renan e meu filho Ítalo, pela Associação Atlética da Tijuca, vão disputar campeonato federado ainda este ano. E tem também o Cleiton, que vai ser avaliado pelo mesmo time", enumera.

O filho de Antônio, Ítalo Souza dos Santos, hoje com 12 anos, está tão animado quanto o pai com crescimento do projeto. "Acho bom, todos os meus colegas continuam jogando", diz. Torcedor do Flamengo, ele agora se divide entre os treinos em Ramos e na Associação Atlética da Tijuca, onde fez teste e passou: "Ainda não decidi onde vou ficar treinando. Por enquanto jogo nos dois times".


CLÁUDIO PEREIRA
VILMA HOMERO
do site Viva Favela

 
 
 

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