Indexação
salarial cria pânico em centrais sindicais
Os dirigentes
das centrais sindicais já estão desfraldando bandeiras
contra uma possível volta de mecanismos de reindexação
salarial que reponham perdas provocadas pela inflação.
Eles acreditam que a inclusão de gatilhos salariais e outros
instrumentos nos acordos coletivos serviria para realimentar a inflação
como no passado.
Tudo isso se
deve à escalada da inflação nos últimos
meses, que tem provocado apreensão no movimento sindical.
Alguns sindicatos têm indicado que pretendem discutir o assunto
com as empresas, mas até agora nenhum acordo foi assinado.
"Não queremos gatilho nem política salarial imposta
pelo governo", chegou a dizer o presidente da Força
Sindical, Paulo Pereira da Silva.
Dirigentes das
centrais se reuniram ontem em São Paulo para dar mais um
passo na construção de propostas de consenso para
as reformas previdenciária, tributária e trabalhista.
Eles decidiram organizar um seminário para definir as propostas
que pretendem apresentar ao governo em fevereiro. Afinal, o presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva criará um Fórum
Nacional do Trabalho em que governo, empresários e trabalhadores
discutirão a reforma da legislação trabalhista
e da estrutura sindical.
Leia
mais:
- Centrais sindicais rejeitam volta
de mecanismos de indexação salarial
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Centrais
sindicais rejeitam volta de mecanismos de indexação
salarial
Dirigentes das
centrais sindicais manifestaram ontem oposição à
volta de mecanismos de reindexação salarial que reponham
perdas provocadas pela inflação. Eles acreditam que
a inclusão de gatilhos salariais e outros instrumentos nos
acordos coletivos serviria para realimentar a inflação
como no passado.
"Falar
nisso agora é ressuscitar um processo que ninguém
mais quer ver", disse o presidente da Central Única
dos Trabalhadores (CUT), João Felício. "Se a
inflação passar de dois dígitos, vamos discutir
o que fazer, mas não tem sentido debater isso agora."
"Não
queremos gatilho nem política salarial imposta pelo governo",
afirmou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da
Silva. "Continuaremos negociando com os patrões a reposição
da inflação, mas a volta da reindexação
não interessa a ninguém", disse o presidente
da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), Antônio
Carlos dos Reis.
A escalada da
inflação nos últimos meses tem provocado apreensão
no movimento sindical, mas as manifestações a favor
da volta de mecanismos de indexação salarial têm
sido raras. Alguns sindicatos têm indicado que pretendem discutir
o assunto com as empresas, mas até agora nenhum acordo foi
assinado.
A volta da inflação
poderá representar um importante foco de conflito entre o
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e os sindicatos
se os preços continuarem subindo nos primeiros meses do seu
governo. Ela colocaria as centrais sindicais numa situação
muito delicada, num momento em que elas têm encontrado dificuldade
para pôr de lado suas divergências e ocupar espaço
como interlocutoras do novo governo.
Dirigentes das
centrais se reuniram ontem em São Paulo para dar mais um
passo na construção de propostas de consenso para
as reformas da Previdência, tributária e trabalhista.
Eles decidiram organizar um seminário de dois dias em janeiro
para definir as propostas, que pretendem apresentar ao governo em
fevereiro.
Lula pretende
criar depois da posse um Fórum Nacional do Trabalho em que
governo, empresários e trabalhadores discutirão a
reforma da legislação trabalhista e da estrutura sindical.
Também haverá lugar para os sindicatos no Conselho
de Desenvolvimento Econômico e Social que Lula lançou
há um mês.
Pela primeira
vez desde a década de 80, as centrais sindicais têm
se esforçado para definir em conjunto as posições
que os sindicatos levarão a esses fóruns. "Vamos
discutir todos os temas e buscar consensos", afirmou o presidente
da Confederação Nacional dos Metalúrgicos,
ligada à CUT, Heiguiberto Della Bella Navarro. "Não
podemos desperdiçar a chance de dialogar e influir nas decisões
do novo governo."
Ainda é
cedo para saber se as centrais conseguirão chegar a um acordo.
Elas ainda não começaram a discutir os detalhes de
suas propostas, e divergências profundas têm se manifestado
sempre que seus dirigentes expõem seus pontos de vista.
Um ponto sensível
é a estrutura sindical. A CUT quer o fim do imposto sindical
obrigatório, mudanças na gestão do Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT) e liberdade para criar sindicatos na
base de entidades rivais. As outras centrais são contra.
(Valor Econômico
- 12/12/02)
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