Universidades
temem corrida à aposentadoria
A discussão
da reforma da Previdência disparou um alerta nas universidades
federais. O temor de que o direito à aposentadoria integral
seja extinto preocupa os dirigentes dessas escolas e até
os de algumas estaduais, como a USP. Reitores e diretores receiam
uma enxurrada de pedidos de aposentadoria.
Segundo o presidente
da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior, Paulo Speller, a preocupação
é grande. Muitos servidores vão requerer benefício
proporcional, mais baixo que o integral, mas bem superior ao do
INSS. Parte desses profissionais ainda não conseguiu acumular
tempo suficiente para obter o benefício integral, mas mesmo
assim devem entrar com o pedido de aposentadoria.
Enquanto nada
se decide, o governo conta com dois roteiros possíveis para
a reforma da Previdência. O primeiro, mais modesto, consiste
em mudar as regras apenas para os novos servidores públicos.
Na análise do governo, com ele seria mais fácil obter
o apoio dos governadores, essencial para a aprovação
de mudanças no Congresso. A segunda alternativa, mais ambiciosa,
impõe alterações nas regras para os atuais
servidores, exige mudanças constitucionais e, por isso, pode
enfrentar mais resistências.
Leia
mais:
- Universidades temem corrida à aposentadoria
Leia
também:
- Dois
cenários para mudar a Previdência
|
|
|
Subir
|
|
Universidades
temem corrida à aposentadoria
A perspectiva
de que a reforma previdenciária em gestação
no governo federal retire dos servidores o direito à remuneração
integral depois da aposentadoria está causando apreensão
entre os dirigentes das instituições federais de ensino
e até mesmo em instituições estaduais, como
a Universidade de São Paulo (USP). O temor é por uma
avalanche de pedidos de aposentadoria.
"Estamos
muito preocupados", admite o presidente da Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais
de Ensino Superior (Andifes), Paulo Speller. Embora a associação
ainda não disponha de dados concretos, Speller conta que
- mesmo antes de o governo federal divulgar sua proposta de reforma
- há muitos professores e funcionários de nível
técnico das universidades pedindo contagem de tempo de trabalho
para efeito de aposentadoria.
Parte desses
profissionais ainda não conseguiu acumular tempo suficiente
para obter o benefício integral, mas mesmo assim devem entrar
com o pedido de aposentadoria. Esses servidores estão de
olho na aposentadoria proporcional - pela qual o funcionário
perde parte dos vencimentos proporcionalmente ao tempo trabalhado,
mas ainda assim recebe bem mais do que se tivesse uma aposentadoria
pela INSS , como ocorre com os trabalhadores do setor privado.
A antecipação
também deve ocorrer entre os servidores que já atingiram
os pré-requisitos à aposentadoria, mas que pretendiam
permanecer na ativa por mais algum tempo.
A corrida ao
benefício provocaria, em várias instituições,
um agravamento do quadro de falta de pessoal. É o que ocorre
na Univesidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo a reitora,
Wrana Panizzi, a federal gaúcha tem hoje cerca de mil profissionais
em condições de pedir aposentadoria integral ou parcial.
De acordo com
ela, desde 1986 o número de professores da UFRGS encolheu
de 2.558 para 2.054, enquanto os cursos de doutorado, por exemplo,
aumentaram de seis para 58 e os de graduação, de 24
para 59.
Na USP, os pedidos
de contagem de tempo por parte dos professores chegaram a 151 nos
últimos três meses. A preocupação na
reitoria da Univesidade não é com os pedidos de aposentadoria
- que ainda se encontram em níveis considerados normais -,
mas com o contingente de professores em condições
de requerer o benefício.
A expectativa
é que o quadro de explosão de pedidos só pode
ser contido com a garantia, por parte do governo, de que os direitos
adquiridos serão respeitados. Isso já teria sido garantido
pelo ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, ao presidente
da Andifes. Caso o governo federal não adote esse princípio,
além dos pedidos de aposentadoria, vai ter de enfrentar também
uma onda de ações na Justiça.
(Valor -
18/02/03)
|
|
|
Subir
|
|
|