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Mais da metade dos postos de trabalho estão nas microempresas

Uma detalhada radiografia do mundo do emprego no Brasil feita recentemente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostrou em números o que muitos economistas vinham pressentindo há algum tempo: a reestruturação da economia levou o foco da geração de empregos para as microempresas - lojas, fábricas, bares e confecções com até dezenove funcionários. Esse segmento emprega atualmente 53% de toda a força de trabalho no Brasil com carteira assinada - contra 46% em 1995.

Dados recentes mostram que os estabelecimentos brasileiros que usam mão-de-obra intensiva, as grandes empresas industriais, foram as companhias que mais se esmeraram em obter ganhos de eficiência na última década. Entre as cinco primeiras da lista, quatro estão ligadas à indústria de transportes. Entre as que apresentam o menor quadro de funcionários estão clínicas veterinárias, postos de gasolina, açougues, brechós e auto-escolas.

Uma característica típica do Brasil nesse setor torna a realidade mais árdua do que em outros países: as microempresas têm mais dificuldade de sobreviver. De acordo com uma estatística recente, metade delas fecha as portas antes de completar quatro anos de vida. Em um país como o Brasil, em que 93% dos estabelecimentos são micros, isso é preocupante.

Leia mais:
- O emprego está nas micros

 

 
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O emprego está nas micros

Uma detalhada radiografia do mundo do emprego no Brasil feita recentemente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostrou em números o que muitos economistas vinham pressentindo há algum tempo. A pesquisa revela os efeitos da combinação do aumento da produtividade com a desaceleração da economia brasileira. Hoje as empresas fazem mais com menos empregados.

Quando se soma a isso a retração da economia, o resultado é o que a pesquisa estampa: o número médio de empregados nas companhias brasileiras caiu 15% em comparação com o mesmo indicador de cinco anos atrás. A reestruturação da economia, conforme aponta o estudo do BNDES, levou o foco da geração de empregos para as chamadas microempresas - lojas, fábricas, bares e confecções com até dezenove funcionários. Esse segmento emprega atualmente 53% de toda a força de trabalho no Brasil com carteira assinada - contra 46% em 1995.

Dados recentes mostram que os estabelecimentos brasileiros que usam mão-de-obra intensiva, as grandes empresas industriais, foram as companhias que mais se esmeraram em obter ganhos de eficiência na última década. Entre as cinco primeiras da lista, quatro estão ligadas à indústria de transportes, que, na década de 90, enxugou 22% de suas vagas. Segundo os especialistas, o rearranjo da economia brasileira em função do aumento da produtividade começa a dar sinais de estabilização. "O choque de reestruturação produtiva completou-se no Brasil. Agora é hora de crescer", diz Luiz Parreiras, economista do Ipea.

O trabalho do BNDES listou as típicas empresas que compõem o heterogêneo cenário das microfirmas brasileiras e as colocou num ranking. Entre as que apresentam o menor quadro de funcionários estão clínicas veterinárias, postos de gasolina, açougues, brechós e auto-escolas. Por princípio, não é ruim que as microempresas tenham um peso tão elevado na estrutura produtiva de um país. Nos Estados Unidos e em países europeus, elas são tradicionais alavancadoras de emprego.

Uma característica típica do Brasil nesse setor torna a realidade mais árdua do que em outros países. As microempresas brasileiras têm mais dificuldade de sobreviver. De acordo com uma estatística recente, metade delas fecha as portas antes de completar quatro anos de vida. Em um país como o Brasil, em que 93% dos estabelecimentos são micros, isso é preocupante.

Nos Estados Unidos, esse número não é tão diferente: 87% das firmas são micros. A diferença é que boa parcela dessas empresas americanas prospera, portanto cresce e passa a gerar mais empregos. Esse dinamismo, embalado por taxas de crescimento econômico na casa dos 4%, ajuda a explicar por que a média de empregos gerados numa companhia americana subiu no mesmo período em que, no Brasil, ela caiu. Aqui não houve crescimento econômico comparável ao americano.

Por trás da queda no número de empregados nas firmas brasileiras está também o acirramento da competição. Elas passaram a precisar elevar sua produtividade às alturas, usando mais tecnologia e menos mão-de-obra. A modernização da indústria de transformação podou mais de meio milhão de vagas na década de 90. As grandes empresas brasileiras adotaram a estratégia da terceirização, cuja idéia é ganhar produtividade, concentrando-se na fabricação de carros ou aviões, e pagar outras empresas para lhes prestar serviços.

A reestruturação levou ao emagrecimento do quadro das grandes companhias e fez nascer outras menores que gravitam em torno das gigantes. Isso contribuiu para a diminuição do número de empregados por estabelecimento brasileiro, como mostra o estudo do BNDES. A economia brasileira passou na última década pelo mesmo processo vivido há vinte anos nos Estados Unidos. "O Brasil se encontra num estágio anterior ao americano em sua reestruturação capitalista. Os Estados Unidos já estão na fase 2", observa a economista Sheila Najberg, autora do estudo e gerente executiva na área de emprego do BNDES.

Os índices de desemprego no Brasil nunca foram altos em comparação com os de economias mais maduras. Na década de 80, os desempregados equivaliam a 5% da força de trabalho. Hoje, a taxa quase dobrou: está em 9,4%. A tendência à redução das vagas no mercado de trabalho em conseqüência do ganho de eficiência na produção não é um problema exclusivamente brasileiro. Aconteceu no mundo inteiro. A questão no Brasil se complicou porque a economia vem patinando em taxas de crescimento medíocres.

(Veja - 27/01/03)