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11 /04/2008

Com participação da comunidade, Praia Grande reduz retenção escolar

Vivian Lobato

Aproximar os pais do processo educativo de seus filhos, integrar a escola com a comunidade e diminuir o índice de retenção escolar. Esses são os principais objetivos da Pedagoga Comunitária, principal agente do Programa de Educação Comunitária, projeto desenvolvido pela Secretária Municipal da Praia Grande (SP).

O programa teve início no segundo semestre de 2005 na cidade do litoral sul do estado. O foco do projeto era fazer da escola um espaço educativo, estabelecendo um elo entre família, escola e comunidade. Para isso foi utilizado o conceito Bairro-Escola, difundido pela organização não-governamental (ONG) Associação Cidade Escola Aprendiz, instituição que capacitou durante seis meses as professoras do município.

Segundo a secretária da educação da cidade Maura Lígia Costa Russo, a idéia do Bairro-Escola mostrou que seria necessário buscar um agente comunitário para realizar a ação. Foram escolhidas as professoras para atuarem nessa orientação, pois tinham o perfil mais próximo para agir com a escola e com a comunidade. Foi dessa escolha que surgiram as Pedagogas Comunitárias.

Pedagogas comunitárias em ação
Uma pesquisa realizada no município mostrou que as crianças que não tinham a participação dos pais no processo escolar, acabavam apresentando um pior rendimento e um alto índice de retenção. Pensando em reverter esse resultado as Pedagogas Comunitárias se dividiram em setores de atuação comunitária, categorização feita por bairros, e iniciaram o processo de integração família, escola e comunidade.

O processo conta com atividades que possibilitam a interação de pais, alunos e comunidade, por meio de atendimento na própria escola e monitoramento por parte dos professores, com anotações do rendimento de cada aluno. No caso dos pais que não aparecem na escola, as pedagogas visitam a casa dos alunos para conversarem com as famílias.

Segundo a pedagoga comunitária Elaine dos Santos, muitos pais dizem que não acompanham o rendimento dos filhos porque não sabem, ou porque não conseguem explicar o conteúdo dado na escola. Mas, para a pedagoga, o importante é estar junto e incentivar. “É claro que os pais podem influenciar o rendimento. É preciso que as pessoas se conscientizem do seu próprio valor como seres humanos”, completa.

A atuação das pedagogas comunitárias já vem mostrando resultados. Em 2007, o projeto obteve um aumento de 23% da participação dos pais nas reuniões escolares e uma redução de 9% na retenção. Por meio do projeto “Pais presentes, filhos contentes”, a pedagoga comunitária Melissa Paes de Barros conseguiu retrair o índice de retenção. “Na Escola Municipal Isabel Figueroa conseguimos reduzir o número de retenção de 24% para 9%. Estamos muitos felizes. Conseguimos mostrar para os pais que eles são capazes e podem influenciar muito o rendimento escolar de seus filhos”.

Outro projeto instaurado pelas pedagogas foi o “Melhoria da Qualidade de Vida da População para Melhorar a Qualidade da Educação”. Focado em um bairro periférico que sofre com problemas de desnutrição, as pedagogas ensinaram a comunidade como aproveitar ao máximo os alimentos, além de hábitos de saúde que melhoram a qualidade de vida.

As pedagogas comunitárias também realizaram um trabalho de reciclagem e conscientização do uso do lixo. O “Luxo lixo” foi uma forma de reutilizar os resíduos, revertendo a venda do material reciclado em renda para algumas famílias. Esse projeto também agregou a comunidade local e agora faz parte do projeto político pedagógico, no qual a teoria tem uma ligação direta com a prática.

Hoje, o projeto abrange 57 escolas em 32 bairros, contando com a atuação de 23 pedagogas comunitárias. Segundo Ana Paula, responsável pelas pedagogas comunitárias, o importante é conscientizar todas as escolas da importância da comunidade e da articulação local. “O foco do projeto esse ano será: aumento de notas no Ensino Fundamental e saúde básica para o Infantil, além do trabalho de diminuição da retenção escolar”, completa.