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10/10/2007

Pinacoteca recebe valiosa doação de trabalhos
de artistas viajantes

Cerca de 500 obras de nomes como Debret agora integram o acervo do museu


Com a exposição "Coleção Brasiliana: Versões e Narrativas", a Pinacoteca do Estado comemora hoje a mais importante doação já realizada à centenária instituição: cerca de 500 obras que tratam das representações do Brasil a partir do olhar estrangeiro dos artistas viajantes no século 19.

Para dar uma idéia da importância do conjunto, uma das obras é "Revista das Tropas Destinadas a Montevidéu na Praia Grande", pintada por Jean-Baptiste Debret (1768-1848), em 1816, quando chegou ao Brasil como membro da Missão Artística Francesa. Não há mais de dez pinturas realizadas por Debret em sua estada no país, o que leva seu valor a cifras astronômicas. Apesar dos valores envolvidos na doação não serem públicos, o preço de mercado dessas peças não deve ser inferior a R$ 10 milhões.

"Essa coleção não só preenche uma lacuna em nosso acervo, pois não tínhamos obras dos artistas viajantes, como nos posiciona como um dos poucos museus no país com um conjunto tão impressionante, certamente o mais representativo em São Paulo", diz Marcelo Araujo, diretor da Pinacoteca.

Outra vantagem da doação, segundo Araujo, "é que a coleção chega em ótimo estado de conservação, estudada e catalogada". O catálogo da coleção (R$ 150, 300 págs.) também será lançado hoje. A doação foi feita pela Fundação Estudar, que, em 2003, havia cedido as obras em comodato e já promovido quatro mostras na Pinacoteca. Com a doação, duas salas climatizadas, onde costumavam ocorrer as mostras desse acervo, passarão a exibir permanentemente parte da coleção. Atualmente, a Estação Pinacoteca exibe a coleção Nemirovsky, cedida em comodato, e discute novo comodato com o Projeto Leonilson, com obras do artista que dá nome ao organismo.

Há dez anos, a coleção começou a ser constituída pela Fundação Estudar, também a partir de uma doação, dessa vez realizada pela Fundação Rank-Packard, que tinha adquirido 290 peças da coleção de Jacques Kugel, um marchand francês, que viveu em Portugal. A partir desse núcleo, a Fundação Estudar adquiriu outras 200 peças. "Versões e Narrativas", que entra em cartaz hoje, foi organizada para comemorar a doação. "Estamos enfatizando na mostra os trabalhos mais importantes e as últimas aquisições", conta Valéria Piccoli, que trabalhava na Fundação Estudar e passará a fazer parte do quadro da Pinacoteca. Entre os destaques da mostra, estão três volumes dos livros de Debret e o livro de Neuwied, que mapeia a costa brasileira do Rio ao sul da Bahia, que reúne vários testemunhos de viagem. O livro está exposto numa vitrine, mas poderá ser manipulado digitalmente.

Recentemente, o Brasil perdeu para Houston a coleção de arte concreta de Adolpho Leirner, causando grande polêmica no circuito artístico. Graças à doação da Fundação Estudar, evitou-se a dispersão de um importante acervo que também poderia ter como destino outro museu estrangeiro.

Coleção Brasiliana: Versões e narrativas
Quando: abertura hoje (só convidados); de ter. a dom., das 10h às 18h
Onde: Pinacoteca do Estado (pça da Luz, 2, tel. 3224-1000)
Quanto: R$ 4; sáb., entrada franca

Fabio Cypriano
Folha de S.Paulo.