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Social

Articulação civil poderá tirar crianças dos faróis

Carolina Lopes


Durante as prévias do referendo foram realizadas pesquisas no país a respeito do armamento. Na cidade de São Paulo o bairro que teve o maior número de armas ilegais foi Campo Belo, zona sul. Um dos possíveis motivos, segundo Ana Lúcia Cintra, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), entidade civil, da região, se deve ao narcotráfico instalado no complexo de favelas do entorno. Sabendo que o poder público sozinho é incapaz de resolver as mazelas que essa realidade gera uma enorme articulação comunitária está sendo realizada.

Um projeto está sendo pensado para tirar crianças nos faróis do bairro do trabalho infantil. Apelidado de “Farol Verde”, o projeto difere das demais iniciativas por ser uma ação local, em que a sociedade civil organizada tomou a frente do problema. O Conseg local reuniu associações de bairros, entidades não-governamentais que já tem histórico de trabalho com crianças e órgãos públicos responsáveis.

A idéia é que as crianças que estejam trabalhando sejam abordadas para saber quais condições de vida elas estão inseridas, se elas estão tendo condições digna de vida, se estão freqüentando a escola e por aí vai. Diagnosticada irregularidades com essas crianças, elas são encaminhadas para órgãos públicos competentes e a iniciativa civil serve nesse sentido como uma ponte. Atividades recreativas e de aprendizado também estão sendo pensadas como forma de alternativa. “A gente ta bolando alguma coisa gostosa para criança, que a traga para perto de nós e a distancie do tráfico, que é sedutor”, diz Cintra. Como o projeto está ainda em fase embrionária, a comunidade local ainda não sabe a capacidade conjunta que tem para oferecer a elas, mas a idéia é aproveitar ao máximo o trabalho que as associações envolvidas já desenvolvem.

Além das cerca de cinqüenta entidades não-governamentais envolvidas no projeto, está a polícia militar local, que também tem um trabalho em fase de implementação voltado para a comunidade. Optou-se por não envolvê-los diretamente na abordagem dessas crianças num primeiro momento, pois o intuito não é repreensão, mas sim a criação de alternativas. E também devido ao fato do trabalho da polícia comunitária local ainda não estar consolidado, sem vinculo, portanto com a população local. Mas, tem o policiamento um papel fundamental nessa articulação. São eles que farão o elo com órgãos públicos, como os Conselhos Tutelares e facilitarão a captação de recursos com entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil e entidades empresariais. Esse trabalho é muito importante uma vez que todo o trabalho é voluntário. Devido à proximidade das favelas com o complexo da Rede Globo, pensa-se também em buscar apoio com a Fundação Roberto Marinho.

Os primeiros passos para a concretização dessa iniciativa já foram dados. Além de já estarem articuladas as entidades e compromissadas com o trabalho, um levantamento da quantidade de crianças que exercem essa atividade, bem como o perfil delas já foi levantado e será analisado na próxima reunião do grupo, na segunda-feira próxima ( 31/10).