violência
18/02/2008

Homicídios em Porto Alegre crescem 57,5%

Entre as 13 maiores capitais do país, a cidade gaúcha lidera em aumento de assassinatos; somente em 2007 foram 430

Sucateamento da segurança, aumento do tráfico de drogas e da pobreza são apontados como as principais causas

 

Das 13 maiores capitais brasileiras, Porto Alegre é a que teve o maior crescimento da taxa de homicídios em 2007, conforme estatísticas das secretarias estaduais da Segurança Pública.

O número de mortes por agressão aumentou quase 60% em relação a 2006 e se tornou recorde da década na capital gaúcha. No ano passado, houve 430 homicídios na cidade, contra 273 em 2006 -aumento de 57,5%, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul.

As estatísticas da Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, que atualiza os números a partir de suas investigações, revelam, no entanto, dados absolutos mais preocupantes: 525 homicídios contra 337 no ano anterior -crescimento de 55,7%.
A Folha comparou estatísticas criminais das 13 maiores capitais a partir de dados fornecidos pelos Estados. O resultado mostrou que Porto Alegre lidera, com grande vantagem, o aumento percentual de homicídios de um ano para outro. Salvador ocupa o segundo lugar, com crescimento de 38,26% -foram 1.337 em 2007, contra 967 no ano anterior.

Os Estados não seguem uma metodologia padrão para calcular as estatísticas. Porto Alegre, por exemplo, inclui os homicídios culposos (sem intenção), com exceção das mortes no trânsito, no número de homicídios. Já a maioria das capitais relaciona apenas os homicídios dolosos (quando há intenção de matar).

Crise nas contas
O número recorde em Porto Alegre ocorre no momento em que o Estado vive uma crise financeira, com fortes cortes em investimentos. Cerca de metade dos homicídios no Estado ocorrem na capital.

O sucateamento do sistema de segurança, o acirramento da rivalidade entre as polícias Civil e Militar, o aumento do tráfico de drogas e de bolsões de pobreza são apontados como as principais causas para a estatística desfavorável.

"Existe uma guerra entre os traficantes", resumiu Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Homicídios da capital gaúcha. Ele afirmou, contudo, que essa não é a única causa. "Existe um abandono dos serviços públicos na periferia."

O orçamento da segurança no Estado para 2008 é de R$ 410 milhões - o de São Paulo, por exemplo, cuja capital teve a maior queda, de 22%, supera R$ 8 bilhões. O efetivo de 33 mil PMs, por exemplo, precisaria de reforço de pelo menos mais 11 mil, avalia o secretário estadual da Segurança Pública, José Francisco Mallmann.
Ele cita que boa parte das vítimas dos assassinos em Porto Alegre no ano passado já tinha antecedentes criminais.

Para o professor Rodrigo Azevedo, do curso de pós-graduação em ciências criminais da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do RS, esse argumento é "inaceitável". "Isso não justifica a falta de ação dos órgãos de segurança", afirmou.
Azevedo diz que "a velha rivalidade entre policiais civis e militares, o aumento da miséria e o avanço do tráfico talvez possam explicar essa crise". O governo nega rivalidade entre as duas polícias.


Gilmar Penteado
Folha de S.Paulo

   
 
   
 

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