juventude
15/02/2008

Educação é a principal preocupação dos jovens
sul-americanos, diz estudo

Foram entrevistados jovens de seis países, de jovens cortadores de cana a integrantes dos movimentos hip hop

Heitor Augusto


Educação pública e de qualidade, que trabalhe com programas a longo prazo e dê conta de aproximar conhecimento e qualificação profissional. Esta é a principal demanda dos jovens sul-americanos, afirma o estudo “Juventude e Integração Sul-americana”.

Realizada pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) e Pólis (Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais), a pesquisa entrevistou 960 pessoas de seis países: Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai.

Uma das recomendações dos pesquisadores em relação à educação é adaptar a escola às necessidades de cada grupo. “Maior flexibilidade nas grades curriculares e nos horários para atender diferentes situações de trabalho e condições de vida.” A maioria das entrevistas foi realizada com jovens de organizações e movimentos juvenis.

O perfil dos entrevistados é diversificado: da Argentina, há opiniões de filhos de desaparecidos políticos da ditadura militar e jovens beneficiários de projetos sociais. Já na Bolívia, uma das contribuições veio das jovens empregadas domésticas. Pelo Brasil, foram entrevistados migrantes do corte da cana, estudantes urbanos e trabalhadores do setor de telemarketing. Estudantes secundaristas representaram um dos grupos vindos do Chile. Pelo Paraguai, falam jovens camponeses em região de crescimento da monocultura da soja e do Uruguai foram entrevistados representantes do movimento pela libertação da maconha.

Trabalho é a segunda preocupação
Trabalho é a segunda demanda dos jovens de acordo com o estudo “Juventude e Integração Sul-americana”. Além de emprego, eles se preocupam com a qualidade e riscos a saúde da atividade exercida. “A demanda focalizada pelos jovens não é simplesmente por trabalho, mas, sobretudo, por um ‘trabalho decente’, colocando como pontos básicos para se discutir a remuneração, a estabilidade e os níveis e graus de informalidade”, afirma a pesquisa.

O transporte é a terceira preocupação dos grupos pesquisados. Os jovens entendem o transporte como objeto que proporciona a locomoção a aparatos culturais e acesso aos estudos. Destacam-se os movimentos pelo passe livre, com tradição no Chile (responsáveis pela Revolta de los Pingüinos, em 2006) e no Brasil.

Entre as recomendações para o setor está a necessidade de “desenvolver a consciência de que mobilidade é resultado de política pública.

Culturas locais
Por causa dos diferentes traços culturais dos seis países pesquisados, há a necessidade de políticas públicas específicas. No Paraguai, por exemplo, há a exclusão do índio. “Entre os jovens agricultores da Asagrapa (Associação de Agricultores do Alto Paraná, Paraguai), existe a demanda de maior integração da cultura local (guarani) com o sistema escolar”, afirma o estudo.

Atividades culturais para mobilizar os jovens são estratégias utilizadas por setores como os trabalhadores em telemarketing. Segundo a pesquisa, “no Brasil, o Sintrael (sindicato), que reúne jovens que trabalham com telemarketing, promove as ‘assembléias-baladas’. A organização de atividades culturais e esportivas pelo sindicato é uma das primeiras marcas da ‘juvenalização’ de sua diretoria.”

Em seguida, os jovens têm como demanda a segurança. Eles consideram o “antídoto para a violência o fortalecimento e a valorização de sua identidade cultural e sua produção cultural.” A ecologia é a última demanda da juventude sul-americana. Migrar da noção de “educação ambiental” para “espaço de trocas de saberes e de experiências” é uma das recomendações do estudo.”

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