ARTES PLÁSTICAS
26/07/2007

Bolsa de estudos permite que artistas passem cinco meses em processo de criação

João Batista Jr.


Com o tema “Cidade, Corpo Radial”, a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo abriu as inscrições da 3º edição do Ateliê Amarelo – projeto que dá a nove artistas plásticos a possibilidade de passar cinco meses dentro de um ateliê localizado no centro de São Paulo para desenvolver suas obras.

“A finalidade é permitir que os artistas tenham a oportunidade de vivenciar arte durante 24 horas por dia”, conta João Spinelli, que, ao lado de Cildo Oliveira e Maria Boromi, faz curadoria do projeto. “E de que maneira isso acontece? Dinamizando seu próprio trabalho pessoal.”

“Não vemos o nome nem o currículo da pessoa”, afirma. “O projeto que os interessados enviam para seleção pode ser completamente mudado.” Para o curador, os cinco meses de convivência diária podem alterar a forma de pensar arte. “E também tem o entorno do local, que fica no bairro da Luz. Os bolsistas têm a liberdade de interagir com os moradores da região e com os visitantes do ateliê.” A casa conta com nove quatros para que os alunos morem no local, com banheiro privativo e área de criação.

Sem rigor
”Na universidade o aluno passa um período, mas depois vai embora para a casa. No Ateliê Amarelo o artista é obrigado a interagir porque ele mora no local. Essa é uma forma de potencializar a arte”, acredita Spinelli. Segundo ele, o processo de criação de um artista plástico é, muitas vezes, solitário. O ateliê, assim, é uma forma de romper com isso.

O artista não tem lições a serem feitas, tem a liberdade de sair da casa para conhecer a cidade e pode organizar seu próprio horário de trabalho. “Nossa orientação é em relação à dinâmica da casa, dando orientações de leituras, dialogando com os trabalhos em andamento”, revela Spinelli.

“Minha experiência foi bem interessante.” Quem afirma é Fernado Piola, 24 anos, participante da primeira edição do Ateliê Amarelo, em 2005. “A casa é um espaço aberto ao público, então a comunidade da Luz freqüenta o local.” Há troca de experiências, dessa forma, não fica restrita aos artistas e curadores.

Cada artista tem a meta de concluir seu projeto inicial (o qual que pode ser mudado-adaptado-transformado no período de, digamos, internato), para que no final do módulo, em dezembro seja exposto. “Mas, a exposição é permanente”, lembra Spinelli, “já que o espaço é aberto ao público todos os dias”.

“O fato de o ateliê ser aberto inverte a lógica que conhecemos, na qual as pessoas vão até o museu para ver o trabalho final de um artista. Lá no ateliê elas podem presenciar a elaboração e construção de uma obra”, diz Piola. Henrique Oliveira e Márcio Donasci são outros nomes que se destacaram em edições anteriores.


Intervenção
O projeto que Piola elaborou no período em que estava no Ateliê Amarelo pode, agora, ser executado. “A Praça Vermelha é um trabalho de arte pública”, conta ele sobre sua proposta de intervir por meio de plantas vermelhas resistentes à chuva que devem ser instaladas na praça descuidada que fica em frente ao ateliê, localizado na rua General Osório.

Com o apoio da Prefeitura de São Paulo, Piola diz ter conseguido um patrocínio para executar sua idéia. As flores e plantas vermelhas são uma forma de homenagear aqueles que sofreram com a ditadura militar. A praça fica próxima do ex-Deops.


Para obter informações sobre o prazo para participar da seleção, entre no site : www.cultura.sp.gov.br

   
 
   
 

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